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- Obras no interior de edifício do Rio de Janeiro eram ilegais
- Prédios de quarteirão em frente ao edifício que desabou no Rio são interditados
- Secretário de Defesa Civil diz que diminuem as chances de encontrar sobreviventes
- Dilma cancela viagem ao Rio e retorna para Brasília
- Para arquiteto, nenhuma hipótese foi capaz de explicar o desmoronamento dos edifícios
- Previsão de chuva pode prejudicar busca por vítimas do desabamento no Rio
- Começa a surgir corrente de solidariedade pelas vítimas do desabamento
- Dilma manifesta solidariedade à população do Rio
- Parentes de desaparecidos ainda têm esperança de que haja sobreviventes sob os escombros
- Obras irregulares em prédio que desabou eram da mesma empresa
Subiu para cinco o número de corpos resgatados no desabamento de três prédios, no Centro do Rio de Janeiro. As informações foram confirmadas na noite desta quinta-feira pela Secretaria estadual de Defesa Civil.
De acordo com o órgão, os corpos encontrados são de três homens e duas mulheres. Os três homens já foram identificados pelo governo.
Dos corpos de vítimas do desabamento ocorrido na noite de quarta-feira (25) no centro do Rio, que foram encaminhados nesta quinta-feira (26) para o Instituto Médico-Legal (IML), na zona portuária, três já foram identificados. O primeiro foi o de Moisés Moraes da Silva, que, segundo sua prima Vera Lúcia dos Santos Freitas, que reconheceu o corpo, trabalhava como catador de papéis e se encontrava na porta de um dos prédios que desabaram na Avenida 13 de Maio. As outras vítimas identificadas são Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, e Celso Renato Cabral Filho, de 44.
Ribeiro era porteiro do Prédio Liberdade e teve o corpo identificado pela filha, Sandra Maria Ribeiro, de 40 anos, que relatou que o reconhecimento do pai só foi possível por causa de um aparelho celular, encontrado no bolso de Cornélio, que telefonou para ela minutos antes do acidente e o número ficou registrado. A filha da vítima informou ainda, que a esposa de Cornélio também estava no edifício no momento do desabamento. Segundo ela, o casal morava na cobertura do prédio.
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias no Estado em memória das vítimas fatais dos desabamentos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro. O decreto será publicado no Diário Oficial de sexta-feira.
Há pelo menos 21 desaparecidos, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, com base em relatos de parentes e amigos das pessoas que estariam no prédio. Seis pessoas ficaram feridas. Até as 17 horas, 17 mil toneladas de escombros já haviam sido removidas do local.
O coronel Sérgio Simões, disse que os bombeiros "correm contra o tempo" porque o período máximo de encontrar sobreviventes é de 24 horas depois do acidente, ou seja, até as 20h30 desta quinta-feira. Segundo o secretário os corpos encontrados até agora foram levados para o Instituto Médico Legal (IML). Um grupo de famílias será levado ao IML para tentar reconhecer os corpos.
"Agora é uma corrida contra o tempo, estamos priorizando a possibilidade de haver sobreviventes. A chance vai diminuindo, porque os espaços vão se reduzindo", afirmou o secretário. Segundo Simões, embora ainda seja cedo para apontar as causas do acidente, "tudo leva a pensar que, na obra que estava sendo realizada (no edifício Liberdade), alguma estrutura importante do prédio foi danificada".
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro informou nesta quinta-feira (26) que está em estado de atenção porque existe previsão de chuva, o que poderá prejudicar a busca por vítimas.
O chefe executivo operacional do Centro de Operações, Sávio Franco, disse que por causa da possibilidade de chuvas que podem ocorrer entre o fim da noite desta quinta e início da madrugada desta sexta-feira (27), o órgão irá oferecer boletins informativos meteorológicos extras ao longo do dia, para auxiliar os agentes no trabalho de resgate de vítimas.
Trabalho de resgate
Mais de cem homens do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro trabalham na manhã desta quinta-feira nas buscas de vítimas do desabamento de três prédios no centro da cidade. Familiares seguem aguardando notícias. Uma mulher conseguiu falar com o noivo pelo telefone durante a madrugada.
A causa do desabamento teria sido um possível dano estrutural, de acordo com autoridades. Os bombeiros usam cães farejadores, retro-escavadeiras e equipamentos hidráulicos na operação de busca e salvamento.
Os desabamentos ocorreram pouco antes das 21h30, horário de baixa circulação de pessoas no centro do Rio e de menor movimento nos prédios comerciais. Os prédios que ruíram tinham 10, 20 e 4 andares e ali funcionavam escritórios de empresas e lojas de diversos serviços, incluindo uma agência bancária no térreo. Eram prédios antigos e históricos, ao lado do Teatro Municipal, que foi restaurado recentemente e é um dos pontos turísticos do Rio de Janeiro.
Para atender às famílias, foram montados dois núcleos de atendimento um na Câmara Municipal do Rio e outro em uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF). Os dois locais estão próximos aos prédios que desabaram. Os atendimentos são feitos por funcionários da Defesa Civil e a prefeitura. O governador Sérgio Cabral divulgou nota afirmando que o estado dará apoio aos parentes das vítimas do desabamento.
Região está interditada
Os prédios do quarteirão compreendido entre as Avenidas 13 de Maio e Almirante Barroso, a Rua Senador Dantas e a Travessa dos Poetas de Calçada, no centro do Rio, foram interditados na manhã desta quinta-feira. Todas as pessoas que estavam nesses edifícios estão sendo retiradas.
As ruas do entorno estão repletas de pessoas que trabalham nesses locais e chegaram a entrar em suas lojas e salas comerciais. Maria Rosiene, balconista de uma loja que funciona no prédio 118 da Rua Senador Dantas, disse que chegou a subir para trabalhar, mas logo em seguida a Defesa Civil deu a ordem para que o edifício fosse evacuado. "A gente teve que sair do prédio por que estava em risco", disse.
Vários carros que estavam estacionados na região ficaram cobertos de poeira em decorrência dos escombros. Edifícios localizados em volta dos prédios desabados também ficaram encobertos, como o prédio no qual funcionava uma agência do Banco Itaú e uma padaria. Nas proximidades também fica o tradicional Bar Amarelinho, que reúne políticos, artistas e jornalistas há décadas.
A prefeitura informou, por volta das 18 horas, que permanecerão interditados trechos na Avenida Treze de Maio, Avenida Almirante Barroso entre Avenida Rio Branco e Senador Dantas. Já a Rua Senador Dantas está funcionando com mão invertida entre Avenida Almirante Barroso e Evaristo da Veiga. O fornecimento de gás para as ruas localizadas no entorno dos prédios que desabaram permanece interrompido, por medida de segurança. O acesso aos prédios da Avenida Treze de Maio está proibido. A via continua fechada para carros e pedestres.
O presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia (Crea), Luiz Antonio Cosenza, declarou que estavam sendo realizadas obras no terceiro e no nono andar do edifício Liberdade, na Avenida Treze de Maio.
Uma mesma empresa, a Tecnologia Organizacional (TO), ocupava os dois andares. A TO tinha sala em seis dos 20 andares do primeiro prédio a ruir. Segundo investigações, no terceiro andar todas as paredes haviam sido retiradas.
O engenheiro civil Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, consultor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), afirmou que as obras eram ilegais, pois não tinham autorização do conselho. Ele descartou a explosão de gás como causa do desabamento e apontou três possíveis motivos para a tragédia.
"O primeiro e mais provável é que a obra tenha provocado uma alteração estrutural com a retirada, por exemplo, de uma viga. A segunda hipótese seria a corrosão ou infiltração da laje da cobertura. A terceira seria o excesso de peso do material de construção utilizado na obra", afirmou Araújo.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) do Rio de Janeiro, Sydnei Menezes, acredita que nenhuma das hipóteses explica os desabamentos. "O prédio não teve nenhum movimento pendular, não inclinou para cima ou para os lados. Ele simplesmente desmoronou e levou com ele os outros prédios, colados em divisa. Houve uma ruptura violenta, um colapso fulminante da estrutura. Esse desabamento foi um fato inédito. A maneira como ocorreu, sob o ponto de vista técnico, é realmente algo assustador".
O advogado Guilherme Sousa, de 28 anos, aguarda, na Câmara dos Vereadores, notícias sobre a irmã, Sabrina Padro, programadora, que havia acabado o expediente no prédio 44 da Avenida Treze de Maio e se encaminhou para um curso, no mesmo edifício, na hora do desabamento.
"No Centro de apoio (montado pela prefeitura na Alerj), há cerca de 80 pessoas esperando informações sobre seus familiares", afirmou.
Guilherme soube da tragédia através do telefone do noivo da irmã e desde a noite de quarta-feira procura alguma informação sobre o paradeiro de Sabrina. Leia mais sobre as famílias dos desaparecidos