Apesar de a frota de veículos em São Paulo ser a maior do Brasil, a cidade não é a primeira do País em índices de mortalidade no trânsito. Um estudo comparativo realizado em todas as capitais brasileiras pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) aponta que, proporcionalmente, a capital paulista fica na 12º posição no ranking de acidentes de trânsito com vítima em 2006.
São Paulo registrou mais de 24 mil acidentes com vítimas em 2006, mas é também a cidade de maior densidade populacional do Brasil, com mais de 11 milhões de habitantes. Comparativamente, a capital fica atrás de Boa Vista, que teve 2140 acidentes em 2006, 10% do valor paulista, mas tem população de apenas 249 mil habitantes.
Quando comparados os índices de mortalidade causada por acidente de transporte terrestre, São Paulo ocupa o 24º lugar no ranking das capitais. A cidade foi a que apresentou o maior número de acidentes resultantes em morte em 2005: 1.544. Considerando a densidade populacional, porém, apresenta taxa de mortalidade de 14,1, bem abaixo da taxa de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, de 31,5.
Em média, segundo uma das autoras do estudo, Maria Helena de Mello Jorge, 99 pessoas morrem vítimas de acidentes no trânsito diariamente no Brasil. "É o mesmo que a queda de uma aeronave por dia", diz.
São as Regiões Centro-Oeste e Norte as que apresentam o maior crescimento em número de acidentes com vítimas e óbitos causados por acidentes de transporte nos últimos anos. "Há mais risco de morrer no trânsito em Campo Grande do que em São Paulo", explica Maria Sumie Koizumi, também autora do levantamento. As pesquisadoras levantam a hipótese de que, em cidades menos populosas, as pessoas trafegam mais rapidamente.
Leia também: Curitiba é a quinta capital com maior número de mortes no trânsito
A sensação de impunidade também é responsável pelo aumento no número de acidentes e gravidade das vítimas. O estudo mostra que, após a entrada em vigor do novo Código de Trânsito, em 1998, os acidentes diminuíram. Os números voltaram a crescer em 2003. "As pessoas perceberam que a fiscalização foi afrouxada", declarou Maria Helena Jorge.
Os motociclistas brasileiros são os que representam o maior crescimento de taxa de mortalidade desde 1996. O estudo, publicado como Acidentes de Trânsito no Brasil: A situação nas capitais, aponta que o número de motociclistas mortos em todo o País saltou de 153, em 1996, para 1.008 em 2005, um aumento de cerca de 600%. Somente em São Paulo esse número aumentou de 4, em 1996, para 148 em 2005. "É preciso atentar ao fato de que acidentes de moto, em São Paulo principalmente, são também acidentes de trabalho", comenta Koizumi.
Ciclistas, apesar de não representarem uma frota significativa nas capitais brasileiras, também têm apresentado crescimento nas taxas de mortalidade. Em 1996 foram 65 óbitos. Em 2005, 272 ciclistas morreram vítimas de acidentes, um aumento de 400%. São Paulo registrou 30 do total dessas mortes.
Segundo as autoras, o estudo deverá traçar o perfil de ações para combater as mortes no trânsito no Brasil. "Estamos ainda diante de um problema muito grave. Esses dados devem guiar os programas de prevenção de acidentes no trânsito", declarou Maria Helena Jorge.
Para o presidente da Abramet, Flávio Emir Adura, os índices apresentados são inaceitáveis, apesar de positivos. "Houve melhorias, mas ainda estamos acima do recomendado".
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora