As redes sociais da cantora carioca Tati Quebra Barraco foram alvo de mensagens de ódio neste domingo, 11, após a morte do seu filho Yuri Lourenço da Silva, de 19 anos. O jovem foi morto durante um patrulhamento da polícia na madrugada deste domingo (11) na favela Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Tati Quebra Barraco foi chamada de “cretina” e o jovem, de “vagabundo” e “lixo”. Diante da ofensiva contra a cantora, outro grupo se mobilizou e reagiu, enviando mensagens de solidariedade em resposta. “Vamos respeitar a dor de uma mãe, gente?”, propôs um internauta.
Os perfis oficiais da cantora nas redes sociais foram bombardeadas por mensagens de parabéns à Polícia Militar e de comemoração à morte do jovem: “É muita felicidade pra sociedade. Menos um”. Alguns disseram que “bandido bom é bandido morto” e que Yuri “já morreu tarde”. “Parabéns à PM...bandido tem que acabar preso ou com a boca cheia de formiga”, afirmou outro.
Houve ainda quem questionasse a educação dada pela cantora ao filho. “Se fosse boa mãe,e se tivesse introduzido bons princípios em casa, nem o filho usava drogas, muito menos seria um traficante armado. Parabéns à PM”, escreveu um usuário.
“Lamento pela dor dela como mãe, mas onde estava o filho dela quando morreu? Na igreja? Na escola? Não, né? Estava de madrugada na rua, desfrutando da vidinha louca que só as favelas cariocas podem desfrutar. Aliás, por aquilo que ela faz e chama de ‘música’, já dá pra ter uma ideia da educação que ela deu pro filho”, comentou outro.
Parte dos usuários reagiu às mensagens de ódio: “Eu fico boba de ver como existe pessoas ruins nesse mundo. Uma mãe perde um filho, precisa de muito carinho nesse momento de dor e vem gente na página dela pra falar mal do filho que ela perdeu”, escreveu um internauta. Outros pediram respeito: “Muito triste! Cada um com a sua dor! Só acho que respeitar é o mínimo que se faz nessas horas!”.
Polícia Militar
Neste domingo (11), Tati disse em sua conta no Twitter que a PM foi responsável pela morte do seu filho. “A PM tirou um pedaço de mim que jamais será preenchido”. “A PM matou meu filho. Essa dor nunca irá cicatrizar”, escreveu Tati.
Em sua conta no Facebook, a funkeira disse que estava em Belo Horizonte na noite de sábado, 10, onde fazia um show. Tati contou que foi informada da morte do filho no meio da apresentação. “Como deve ser pra você receber uma mensagem, ligação em meio ao show dizendo que seu filho está morto?”, questionou a cantora no relato.
“Eu não pude parar o que dei início. Tinha fãs, públicos, o fotógrafo da casa, tinha um contrato assinado. Então, tive que terminar o show da boate Eleganza com um sorriso no rosto, sem que ninguém percebesse. Mas não fui forte o tempo todo, desabei!”, continuou Tati.
Morte
Outro homem que estava com Yuri, Jean Rodrigues de Jesus, de 22 anos, também morreu no confronto. A cantora usou as redes sociais para acusar a PM pela morte.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Yuri chegou morto, com um tiro no rosto, no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na zona oeste. Jean chegou a dar entrada no centro cirúrgico, mas não resistiu.
O comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus informou que policiais patrulhavam uma localidade conhecida como Quintanilha, no início da madrugada deste domingo, quando foram recebidos a tiros por criminosos. “Dois homens foram baleados e socorridos para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Uma pistola, dois rádios transmissores e drogas foram apreendidos no local do confronto”, disse, em nota, a Coordenação das UPPs.
A Delegacia de Homicídios da Capital da Polícia Civil informou que instaurou procedimento para apurar as mortes de Yuri e Jean. “Investigação minuciosa está sendo realizada para apurar as circunstâncias do ocorrido”, diz uma nota divulgada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil.
Yuri tinha passagens pela polícia. Em setembro, ele foi condenado por furto qualificado, ocorrido em novembro de 2015. Yuri e um adolescente foram pegos em flagrante após furtar um fone de ouvido, avaliado em R$ 400, da loja Fnac no BarraShopping, na zona oeste do Rio. Conforme a sentença, os jovens foram abordados por seguranças da loja. Yuri foi condenado a dois anos de serviços comunitários. A sentença também autorizou que o jovem recorresse em liberdade.
A reportagem, apurou que o jovem tinha outras passagens, sempre por furto ou roubo, quando era adolescente.
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