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Mobilização

Tensão cresce entre estudantes ocupados e MBL em Curitiba

Integrante do MBL (de camiseta azual) e professor favorável à ocupação discutem em frente ao Colégio Estadual do Paraná | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Integrante do MBL (de camiseta azual) e professor favorável à ocupação discutem em frente ao Colégio Estadual do Paraná (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

A exemplo do que ocorreu na noite de quinta-feira (27), integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) em conjunto com familiares e alunos contrários ao movimento de ocupação das escolas estaduais realizam protestos em frente a colégios ocupados nesta sexta-feira (28). Já durante a tarde, no Colégio Estadual do Paraná, houve bate-boca entre os alunos ocupantes e o MBL.

De um lado, integrantes do MBL dizem que os estudantes não tem direito de parar o funcionamento de um órgão público. De outro, alunos e professores do CEP a favor do movimento rebatiam. Integrantes de ambos os grupos filmavam tudo o que o outro declarava.

Também estava marcada para a noite de hoje uma manifestação do MBL em frente ao Colégio Pedro Macedo, no Portão, que foi alvo de protestos nos últimos dias. 

O protesto marcado pelo MBL levou um grupo de cerca de cem pessoas entre pais, professores e apoiadores da ocupação para frente da instituição. Por volta das 20h, o grupo fez um cordão de isolamento no portão da escola. Minutos antes, um carro de som chegou a ficar parado no local e, de acordo com os alunos, um grupo chegou a se aproximar do local, mas foi disperado sem confusões. O Colégio Pedro Macedo não figura entre as instituições que tiveram a reintegração de posse decretada pela Justiça.

A mãe de um dos alunos que participa da Ocupação informou que um grupo foi até o Colégio durante a tarde e ameaçou os estudantes, o que levou pais até a frente da instituição. “A situação chegou a um ponto que não importa se você é a favor ou contra as ocupações. Não há diálogo, está tudo sendo resolvido com muita violência”, desabafou a mãe, que organiza os pais para permanecerem no local.

Os estudantes do Pedro Macedo já tinham decidido reforçar a segurança do local. Uma das medidas foi a colocação de uma lona em frente a fachada da escola de modo a evitar que objetos sejam lançados para a parte do imóvel onde os jovens passam a maior parte do tempo. Segundo um estudante de 17 anos, aluno do 2.º ano do Colégio Pedro Macedo, quando a situação fica mais tensa, eles recorrem a pais, professores e advogados. “Eles vêm aqui fazer nossa segurança. Cruzam os braços e fazem um cordão para ninguém pular o muro.” Outro estudante, também de 17 anos, afirmou que o grupo deve continuar no local. “Nós não vamos recuar, o nosso movimento continua forte”, afirmou o aluno. Por volta das 22h, um grupo de professores e pais entrou no colégio com os alunos e devem permanecer lá durante a noite para ajudar a proteger os jovens.

Segundo a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), mais de 80 escolas em Curitiba estão ocupadas. Vinte e cinco delas são alvo de mandados de reintegração de posse, que devem começar a ser cumpridos ainda nesta sexta-feira.

“Enquanto durar esta situação, nós estaremos participando ativamente desta pauta”, disse coordenador do MBL no Paraná, Eder Borges.

Uma queixa dos alunos que ocupam a escola é que nos movimentos pela desocupação que têm se manifestado em frente ao Pedro Macedo não há estudantes do colégio. Seriam apenas pessoas estranhas à comunidade escolar e pais de alunos que eles não conhecem.

Borges, por sua vez, rebate essa afirmação. Ele diz que o objetivo do movimento é justamente apoiar os pais e estudantes que são contra a ocupação. “Nosso objetivo é apoiar os pais, os alunos que querem estudar e os professores que querem exercer o seu ofício. É apoiar a sociedade, mas também chamar a atenção dela e desses alunos que estão sendo usados como massa de manobra para uma guerra político-partidária”, explica o coordenador do MBL.

Há também acusações de atos de violência por parte do MBL. Uma professora do Colégio Pedro Macedo, que preferiu não se identificar, disse que os professores e pais ajudam na segurança, mas a situação é tensa. “Eu sou professora, se vem uma pessoa insuflada me empurrar e querer tirar os alunos à força, eu fico à mercê desta violência, à mercê deste ódio”, afirmou.

Na noite desta quinta-feira (27), integrantes do MBL, pais e alunos protestaram em frente a duas escolas de Curitiba na tentativa de desocupar os espaços: o Colégio Lysimaco Ferreira da Costa, no Água Verde, e o Colégio Estadual Leôncio Correia, no Bacacheri.

No primeiro deles, a Polícia Militar chegou a ser acionada. Um dos policiais presentes informou à reportagem da Gazeta do Povo que não houve confronto entre os manifestantes e os alunos ocupados. Borges confirma a versão da PM e diz que o “confronto foi apenas verbal e de ideias”. Um professor que estava no local afirmou que o grupo estava bastante agressivo.

Sobre a convivência com os estudantes e grupos que apoiam o movimento de ocupação das escolas, Borges aponta que, da parte do MBL, ela será “absolutamente pacífica”.

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