Cronologia

Veja os principais acontecimentos que colocam o coronel como principal suspeito das mortes.

8 ago 2010 – Dois homens são assassinados a tiros na Rua José Nogueira dos Santos, no Boqueirão, por volta da 0h20. Um terceiro rapaz é baleado, mas sobrevive. Cinco horas depois, outro ataque mata um homem e uma mulher na Rua Cleto da Silva com a Paulo Setúbal.

10 nov 2010 – Mais três homens são atacados na Rua Cleto da Silva. Dois deles morrem e um terceiro é ferido, mas escapa com vida.

26 nov 2010 – Sobrevivente do terceiro ataque reconhece por fotografia o coronel Jorge Martins como sendo o autor do crime.

1º jan 2011 – Um taxista e uma mulher são mortos na Rua Cleto da Silva, por volta das 7h30.

14 jan 2011 – Por volta das 5h20, outro homem é assassinado na Rua Cleto da Silva. Outras três pessoas são baleadas, mas conseguem fugir do atirador.

15 jan 2011 – Mais uma testemunha reconhece o acusado por foto, desta vez relacionando-o aos crimes do dia 8 de agosto de 2010. Outros dois reconhecimentos são feitos.

26 jan 2011 – O juiz Pedro Luis Sanson Corat decreta a prisão do coronel por 30 dias e autoriza a polícia a revistar a casa do suspeito.

28 jan 2011 – Jorge Martins se entrega à polícia no quartel general da Polícia Militar no início da tarde.

1º fev 2011– Testemunhas vão à Delegacia de Homicídios, ficam na frente de Martins e o reconhecem como autor dos crimes. Defesa de Martins entra com pedido de revogação de prisão.

16 fev 2011 – Coronel Martins deixa a prisão, depois de o TJ-PR conceder habeas corpus.

10 nov 2011 – DH conclui inquéritos e indicia o coronel por nove assassinatos e quatro tentativas de homicídio.

14 nov 2011 – Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Martins diz que nunca usou arma na vida e nega crimes.

23 nov 2011 – Polícia Civil recebe cota do MP-PR pedindo que novas diligências sejam realizadas e que investigações sejam conduzidas pelo Gaeco.

CARREGANDO :)

O jovem Marcos Roberto de Souza Colaço, sobrevivente e testemunha do caso do ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Paranácoronel reformado Jorge Luiz Thais Martins, foi assassinado durante o período de carnaval. No último sábado (18), o rapaz foi encontrado morto ao lado da namorada dele em uma residência do bairro Boqueirão, próximo à Favela da Rocinha, em Curitiba. A Delegacia de Homicídios (DH) descarta, porém, que a morte tenha sido queima de arquivo. Segundo a investigação, o motivo da morte foi uma briga entre viciados em drogas.

Publicidade

Colaço, conhecido como "Demarco" ou "D2", foi o único sobrevivente de um dos cinco ataques contra usuários de drogas no Boqueirão atribuídos ao coronel Martins, segundo a Delegacia de Homicídios. Além disso, ele era uma das principais testemunhas nos cinco inquéritos sobre o caso em que Martins é acusado de matar nove pessoas, entre agosto de 2010 e janeiro do ano passado. No dia 10 de novembro de 2010, um homem grisalho atirou contra três rapazes viciados em droga na Favela da Rocinha. Luiz Cláudio Potello e Amílcar Eduardo Arndt foram executados na hora. Colaço sobreviveu aos tiros que recebeu e, posteriormente, reconheceu o coronel Martins como o autor dos disparos. O militar nega ter matado alguém e diz que não realizou os ataques.

O delegado adjunto da DH, Cristiano Quintas dos Santos, afirmou que, por enquanto, não há nenhuma informação que ligue o assassinato de Colaço com o fato de ele ser testemunha do caso do coronel Martins e acredita que a morte tem relação com um desentendimento entre os usuários de drogas, que frequentavam a casa em que o rapaz foi achado morto. "Já temos o nome de quem seria o autor da morte dele e da namorada dele, a Vanessa", disse Quintas dos Santos.

O delegado, porém, lamentou a morte. "Com o assassinato do Colaço, a prova [do crime] fica prejudicada. Ele havia feito reconhecimento com fotos e pessoalmente. Temos isso gravado em vídeo, mas ficou prejudicada a possibilidade de ele fazer o reconhecimento em juízo", opinou.

Investigação

Apesar do coronel Martins já ter sido indiciado pela Delegacia de Homicídios, a investigação do caso ainda não terminou e se arrasta há um ano e meio, mas as suspeitas sobre o coronel só foram divulgadas em janeiro de 2011. Em outubro do ano passado, a DH concluiu os cinco inquéritos das nove mortes e apresentou Martins como acusado. Porém, o Ministério Público (MP) pediu novos detalhes da investigação à Polícia Civil, o que ainda não foi concluído.

Publicidade

Segundo o delegado Cristino Quintas dos Santos, o promotor do caso quer mais informações sobre quatro policiais militares, que poderiam ter participação nos crimes. Ele disse que irá convocar os policiais para prestarem novos depoimentos e irá tentar encontrar os sete outros sobreviventes dos ataques para fazer novos reconhecimentos e tomar novos depoimentos. "Vale dizer que alguns deles (sobreviventes) já descartaram a participação destes quatro PM's." afirmou Quintas dos Santos.

Não há prazo definido para esta nova fase da investigação terminar. O coronel Martins chegou a ficar preso por duas semanas, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, mas foi posto em liberdade graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Os crimes teriam começado depois do assassinato do filho do coronel, morto em um assalto no bairro Boqueirão em outubro de 2009, quando deixava a namorada em casa no início da manhã. Com a conclusão dos inquéritos, o caso será remetido novamente ao Ministério Público, que avalia se oferece ou não denúncia à Justiça.