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A Acadêmicos do Tucuruvi entra à 1h15 esta noite no sambódromo do Anhembi para apresentar e homenagear a cidade mineira de Ouro Preto, considerada desde 1980 Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A agremiação, que nunca levou o primeiro lugar no Grupo Especial paulistano, "fez um carnaval para competir", diz o carnavalesco Fábio Borges. Ele diz que o samba-enredo "Ouro Preto - O Esplendor de uma Vila Rica, Relicário da Pátria, Patrimônio da Humanidade" vai animar a madrugada paulistana no segundo dia de desfiles. "Tenho certeza que vai ter resposta até da arquibancada".

O carnavalesco vê na riqueza de detalhes e no enredo de qualidade os ingredientes para um bom espetáculo. "Os figurinos, as alegorias, a gente fez com o maior capricho. Está muito luxuoso, muito bem acabado", conta. A escola buscou nos primeiros anos após a fundação de Vila Rica, antigo nome da cidade, as referências culturais que levará à avenida. Uma das principais influências foi o trabalho barroco de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que ganha destaque aos olhos do carnavalesco. "Ele é o maior artista colonial das Américas, é considerado gênio, e foi lá (em Ouro Preto) que desenvolveu seu trabalho", explica.

Além de Aleijadinho - representado pelo ator Maurício Gonçalves -, a história de Tiradentes e da Inconfidência Mineira também aparece no carnaval da agremiação da zona norte. Em meio a tanta riqueza cultural, Borges chama atenção para o trabalho da escola em uma ala específica. "Sempre valorizei a ala das baianas, sempre coloco alguma coisa muito especial lá". O resultado desse cuidado, no entanto, ele deixa em segredo. "Só na hora do desfile o pessoal vai ver".

Fundada em 1976, a Acadêmicos do Tucuruvi conquistou em 2008 a 12ª colocação no Grupo Especial. Este ano investiu R$ 1,2 milhão e entra na avenida com cerca de três mil integrantes divididos em 22 alas. A animação do samba-enredo fica por conta do intérprete Fredy Vianna e a bateria conta com a rainha Valéria de Paula e a madrinha Scheila Mello, a ex-loira do grupo É O Tchan. O ator Milton Gonçalves também deve prestigiar as cores vermelha, amarela, azul e branca da escola, representando Chico Rei, lendário personagem de Ouro Preto, que teria sido rei no Congo e escravo no Brasil. Confira a seguir o samba-enredo composto por Sidnei, Wladimir, Vaguinho e Wellington:

"Ouro Preto - O Esplendor de uma Vila Rica, Relicário da Pátria, Patrimônio da Humanidade"

Nascida em noite de São João

Abençoada pela Virgem do Pilar

Cresceu Vila Rica, mineira singela

Dividindo o coração, do explorador ô ô

Entre a fé e a ambição

Despertou cobiça, devoção e arte

Das diferenças raciais, camadas sociais

Surge o barroco de artistas geniais

Mostrando arte minha escola vem aí

Bate na palma da mão ô ô ô

Com a morenice no olhar se fez pioneiro

O talento brasileiro

Sonhou, com a liberdade ainda que tardia

No alvorecer de um novo dia, "alforria"

Eis um herói

Que deu a vida por um ideal.

És patrimônio nacional, e da humanidade

E hoje és meu carnaval

Teu povo teus encantos culturais

Quem te conhece não esquece nunca mais

Vem amor que a hora é essa

Canta forte tira o pé do chão

Ouro Preto é meu tesouro

Tucuruvi minha paixão

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