Trabalhadores da Funpar realizam nova greve
A reunião do Conselho Universitário da UFPR, que deveria ter ocorrido na manhã desta quarta-feira, motivou uma nova paralisação dos funcionários do HC contratados via Funpar. Aproximadamente 70% destes funcionários cruzaram os braços às 7 horas para protestar, principalmente, contra a adesão do HC à Ebserh. A assessoria de imprensa do HC diz, contudo, que 91 dos 916 funcionários que aderiram ao movimento, que causou o fechamento da central de agendamento de exames e consultas e que deixa alguns ambulatórios médicos sem secretários. O atendimento médico nestes ambulatórios segue normalmente.
Segundo divulgado no site do Sinditest-PR, a categoria entende que a adesão é prejudicial tanto para a categoria, quanto para a população usuária. "Caso a Ebserh seja aprovada pelo Coun na sessão do dia 05 de junho, a empresa fará as demissões de todos os trabalhadores fundacionais de maneira escalonada, conforme declaração do próprio Reitor Zaki Akel Sobrinho à imprensa", relatam na página do sindicato na internet.
Mesmo antes do início do movimento, o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ricardo Bruel, chegou a sugerir, na terça-feira (3), que a greve dos 916 trabalhadores do Funpar que atuam no HC fosse declarada abusiva.
No entanto, a desembargadora Ana Carolina Zaina disse que iria aguardar a efetiva declaração do movimento para tomar uma decisão sobre o assunto. Por volta das 11 horas, ela ainda estudava se iria ou não declarar a greve como abusiva. A desembargadora deu um prazo para que o Sinditest se pronuncie formalmente a respeito da greve até às 14 horas desta quarta-feira (04). Posteriormente, ela poderá estipular multa ao sindicato e determinar percentual mínimo dos trabalhadores em cada setor do HC. O sindicato deveria ter comunicado ao TRT a decisão da assembleia da categoria até às 9 horas da manhã.
Esta é segunda greve no ano deflagrada pelos trabalhadores do HC contratados via Funpar. No dia 19 de maio eles cruzaram os braços, mas interromperam o movimento um dia depois, após receberem propostas da UFPR durante reunião na Justiça do Trabalho.
O Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu suspender a reunião que analisaria, a partir das 9 horas desta quarta-feira (4), a adesão do Hospital de Clínicas (HC) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), empresa criada pelo governo federal para gerir hospitais públicos.
De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, uma manifestação liderada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest-PR), que é contra a adesão, impediu o acesso de conselheiros ao local da reunião, no prédio da Reitoria.
O órgão informou que cerca de 300 pessoas participaram do protesto. Segundo o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, não havia como colocar os conselheiros para dentro da reitoria, pois alguns manifestantes os esperavam com ovos nas mãos. Ele ainda confirmou a suspensão temporária da votação, e disse que, provavelmente, o encontro será realizado à tarde. Se a situação permanecer a mesma em frente a reitoria, o conselho estuda, inclusive, a possibilidade de mudar o local da reunião.
O Sinditest-PR contesta a informação repassada pela universidade de que os manifestantes bloaquearam os acessos da reitoria. Conforme a entidade, a entrada no prédio foi inviabilizada por seguranças privados da instituição, o que indicaria uma "estratégia política para desvirtuar o movimento dos trabalhadores". Cerca de 500 pessoas, segundo o sindicato, participaram do protesto.
Sindicato teme demissões
O medo do Sinditest-PR é de que o hospital não seja mais da UFPR e que haja demissão imediata dos 916 funcionários da Fundação da UFPR (Funpar) que atuam na instituição. No ano passado, a Justiça do Trabalho determinou que o HC exonerasse os trabalhadores contratados via Funpar e que eles fosse substituídos por servidores devidamente concursados.
Contudo, em entrevista à Gazeta do Povo divulgada no domingo (2) o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em esclarecimento divulgado no domingo (2), Zaki Akel Sobrinho afirmou que o hospital garantiu a manutenção desses funcionários por cinco anos (tempo para aposentadoria de 60% dos trabalhadores da Funpar). Ele disse ainda que o HC continuará da UFPR e 100% público, atendendo somente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O reitor entende que, atualmente, a Ebserh é a única forma de evitar o sucateamento do HC e estagnar a crise que toma conta da instituição.
Procurado pela reportagem, o Sinditest-PR, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não acredita nas afirmações do reitor. Para eles, não haverá uma manutenção propriamente dita e, se o HC começar a ser gerenciado pela Ebserh, haverá demissões escalonadas dos 916 contratados por intermédio da Funpar.
A UFPR mantém a informação de que os empregos serão mantidos por cinco anos, conforme anunciado pelo reitor.
Um dos manifestantes, Rodrigo Tomazini garantiu que não houve nenhuma medida para barrar a entrada dos conselheiros para a votação de adesão à Ebserh. "A gente estava protestando, mas não impedindo a entrada de ninguém no prédio. A único coisa que queremos é saber quem irá votar a favor já que votação será nominal e não secreta", afirma.
O estudante de Arquitetura da UFPR Renan Diniz contou que já precisou ser atendido no HC diversas vezes. "A situação precária do hospital me comove. Acredito que a Ebserh não é a melhor medida para melhorar a situação do hospital, principalmente para o usuário do sistema público de saúde", afirmou. Os manifestantes saíram da Reitoria em passeata pela Rua XV de Novembro por volta das 11 horas.
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