O presidente da Urbs, José Antonio Andreguetto, afirmou que a prefeitura estuda uma redução no número de cobradores que trabalham no sistema de transporte coletivo como forma de diminuir os custos de operação e, consequentemente, o valor da tarifa. A afirmação foi feita durante uma reunião com vereadores realizada na Câmara Municipal de Curitiba na quarta-feira (15).
Até o momento, a ideia ainda é incipiente. Não há definição do porcentual dessa redução e nem data para que isso ocorra. O prefeito Rafael Greca (PMN) confirmou que a Urbs pretende reduzir o número desses trabalhadores.
Em meio à polêmica sobre tarifa, motoristas e cobradores rejeitam proposta de reajuste das empresas
Leia a matéria completaAtualmente há uma lei, de 2001, que exige a presença de cobradores em terminais, estações-tubo e ônibus da capital. Entretanto, segundo Andreguetto, a ideia da prefeitura é abrir a possibilidade para redução desses profissionais por meio da aprovação de um novo projeto de lei. Ele afirmou que a redução será “responsável”.
“Nós governamos para a maioria, nós não podemos, de forma alguma discriminar uma categoria tão importante sem pensar com responsabilidade aonde alocar esses trabalhadores, mas ao mesmo tempo não podemos deixar de tomar medidas e prejudicar a maioria. Esse custo [dos cobradores] é óbvio que altera bastante o valor da tarifa”, disse.
Segundo dados da Urbs, 37% do valor da tarifa técnica é destinado ao pagamento de salários, benefícios e encargos sociais de motoristas, cobradores e outros funcionários do transporte. Se for levado em conta o valor pago pelo usuário – hoje R$ 4,25 – o porcentual sobe para 54% (incluindo também custos administrativos, de acordo com dados divulgados pelo prefeito Rafael Greca). O custo com pessoal é o item mais caro na composição do valor total da passagem.
A discussão sobre o futuro da profissão de cobrador não é recente na Câmara Municipal. Em 2014, os vereadores Chicarelli (PSDC), agora sem mandato, e Rogério Campos (PSC), representante da categoria dos motoristas e cobradores, já haviam apresentado um projeto de lei que buscava proibir a troca da função de cobrador pelo cartão-transporte.
“Hoje a função do cobrador é muito mais complexa do que simplesmente autenticar ou validar o cartão transporte e manusear o troco. Fora tudo isto, eles atuam nas funções e no auxílio às informações sobre trajeto e pontos de parada, acionam os equipamentos de elevador para portadores com deficiência e ajudam na melhor adequação no ônibus”, diz a justificativa do projeto, que foi arquivado por não ter sido votado até o fim da legislatura passada.
Categoria em alerta
Diante da possibilidade de redução do número de cobradores, o sindicato responsável pela categoria já estuda maneiras de se contrapor à medida da prefeitura, o que pode incluir abertura de indicativo de greve. De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, se a proposta se concretizar, pode ser que os trabalhadores cruzem os braços na capital.
Tudo vai depender do que será apresentado durante a audiência que ocorre nesta quinta-feira (16), na qual será discutida a negociação salarial dos motoristas e cobradores. Segundo Teixeira, é a partir dessa reunião que serão apresentadas medidas de resposta. “Não é reduzindo o emprego que vai se resolver o problema da tarifa. Pelo contrário. Com isso, você cria um problema social”. Curitiba tem cerca de 6 mil cobradores, conforme dados do próprio Sindimoc.
No entanto, já de antemão, o sindicato se posiciona contra a possibilidade de redução de cobradores no transporte público de Curitiba. O presidente afirma que as próprias empresas já indicavam esse recurso e que a categoria vem se mobilizando há algum tempo para mostrar que existem outras saídas mais efetivas para baratear a tarifa.
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