Amigos, parentes e frequentadores da Igreja Céu de Maria fazem homenagens na tarde desta sexta (12) ao cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, morto na madrugada junto com o filho Raoni.

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A tarde tem sido marcada pelo entra e sai de pessoas vestidas de branco, entoando cânticos da doutrina do santo daime.

Um dos presentes é um dos cinco irmãos de Glauco, Odilon Villas Boas Filho, de 54 anos. Chocado com o crime, ele andava vagarosamente em frente à igreja, que fica ao lado da casa onde Glauco morava. "Todos estão chocados com o que está acontecendo."

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O irmão, que não é frequentador da igreja, chegou pela manhã a São Paulo de Ribeirão Preto, onde mora a família do cartunista. "Me ligaram às 2h30 dizendo que meu irmão e Raoni estavam mortos. Não consegui acreditar e vim direto para cá."

Quem também marcou presença no velório foi o publisher da Folha de S.Paulo, Octavio Frias Filho, e o novo editor-executivo do jornal, Sérgio Dávila.

Dávila, que chegou de Washington, disse que "Glauco é um pouco do rosto da Folha nestes últimos 30 anos, por estar diariamente na Ilustrada".

"Certamente ele receberá homenagens de vários colegas, então teremos um gostinho de Glauco por mais algum tempo. Mas vai ser difícil no domingo ler a última tirinha que ele produziu", afirmou.

"Ele era irreverente, estavam incorporadas à cultura brasileira. Era a cara da cultura paulistana."

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O cartunista Angeli saiu do local por volta das 19h e se disse "consternado" com o assassinato. Questionado se fará algum tipo de homenagem ao amigo, ele afirmou ainda não saber. "Essa situação tirou o meu chão e o do Laerte. Hoje ficamos mais pobres."

O criador de personagens como Geraldão e Dona Marta foi assassinado a tiros em sua casa em Osasco, na Grande São Paulo, nesta madrugada.

Glauco foi morto a tiros na madrugada desta sexta-feira (12) em sua casa em Osasco, na Grande São Paulo. Segundo a polícia, ele foi atingido quando tentava impedir o suspeito do crime, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de se matar. Raoni Villas Boas, de 25 anos, filho de Glauco, também foi morto. O suspeito, de 24 anos, é procurado pela polícia. A foto foi divulgada nesta tarde.

O crime, segundo testemunhas, ocorreu após o suspeito pedir que Glauco o acompanhasse até sua casa e convecesse a mãe que ele era Jesus.

Segundo o delegado do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco, Archimedes Cassão Veras Júnior, o suspeito era conhecido da família e tinha acesso à residência. "Todas as testemunhas apontam que essa pessoa discutiu com o Glauco", disse o delegado.

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Ainda segundo a polícia, Raoni levou quatro tiros no tórax e no abdome. Três deles transpassaram o corpo do jovem e um ficou alojado. Glauco também foi baleado quatro vezes. Um tiro acertou o lado direito do rosto, entrou pela bochecha e ficou alojado. Os outros três atingiram o abdome e o tórax e atravessaram as costas do cartunista.

Os corpos de Glauco e do filho dele serão enterrados neste sábado, no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, em Osasco. Eles foram liberados pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Osasco por volta das 13h30 desta sexta-feira e seguiram para a Igreja Céu de Maria, do Santo Daime, que fica ao lado da casa do cartunista, próximo do local do crime.

O sepultamento deverá ocorrer entre 11h e 12h de sábado.

Trajetória nos quadrinhos

Glauco Villas Boas nasceu em Jandaia do Sul, no Paraná, em 1957. Ele era da família dos sertanistas Orlando, Claudio e Leonardo Villas Boas.

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Como cartunista, publicou seus primeiros trabalhos em 1976, no "Diário da Manhã" de Ribeirão Preto, e, em 1977, ganhou seu primeiro prêmio no Salão do Humor de Piracicaba.

Ainda neste ano, passou a fazer parte do elenco de cartunistas do jornal "Folha de S. Paulo", onde publicava diariamente desde 1984 tiras de personagens como Geraldão, Geraldinho, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Casal Neuras e Doy Jorge, além de charges políticas na página 2 do jornal.

Dono de um traço marcante e de um estilo de humor ácido e de piadas visuais rápidas, Glauco criou personagens que de certa forma representavam suas próprias experiências na São Paulo dos anos 1980, com referências a sexo, drogas e violência urbana.

Em 1991, participou ao lado de Angeli e Laerte da criação da tira "Los 3 amigos", uma brincadeira do trio de cartunistas com o universo dos filmes de bang-bang e seu retrato dos personagens mexicanos.

Atualmente, Glauco publicava tiras diárias e charges no jornal "Folha de S. Paulo". Seus quadrinhos antigos vinham sendo republicados por editoras como Opera Graphica e L&PM.

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Glauco também fez parte da equipe de redatores dos programas "TV Pirata" e "TV Colosso", da Globo.