Dois fatores principais contribuíram para o enorme volume de chuva que atingiu o Rio de Janeiro, segundo meteorologistas. O primeiro é a passagem de uma frente fria pelo estado, vinda do Sul, em contraste com a atmosfera muito quente dos dias anteriores. O choque térmico facilitou a formação de nuvens pesadas. O outro são os ventos marítimos que sopraram forte e constantemente sobre o Rio. "Isso aumentou a carga de umidade no ar e a disponibilidade de água", explicou a meteorologista Josélia Pegorim, do site Climatempo.

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José Henrique Prodanoff, professor do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse que um temporal como esse tem apenas entre 1% e 2% de chance de voltar a se formar. "Ainda é preciso que sejam feitas avaliações estatísticas, mas uma tempestade como essa só se repete em 50 ou 100 anos", afirmou o professor, que classificou o fenômeno como "excepcional".

De acordo com o meteorologista Lúcio de Souza, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet-RJ), esse vento, que carrega mais chuva do litoral de São Paulo para o Rio de Janeiro, deve persistir até a noite de hoje. O tempo permanece chuvoso até o fim da semana. Souza foi o único meteorologista que conseguiu chegar ao Inmet ontem. "Até para obter os dados coletados nas estações meteorológicas está difícil, porque os operadores estão enfrentando muita dificuldade para chegar às estações", disse.

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O meteorologista da Climatempo Marcelo Pinheiro afirma que não existe nenhum modelo climático capaz de prever essa quantidade de chuva. As pancadas foram fruto de uma frente fria que atingiu as regiões Sul e Sudeste, que fez também a temperatura cair. Outro fator que auxiliou o acúmulo de água é a geografia do Rio, cidade cheia de morros.

O que todas as pessoas sentem as estatísticas mostram ser verdade: está chovendo mais. Por ora, o que os especialistas podem afirmar é que o alto volume de chuvas tem influência do El Niño. O fenômeno gera um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e uma de suas reverberações é o aumento de chuvas nas regiões sul e sudeste do Brasil. Os paulistanos, por exemplo, tiveram em janeiro quase 500 mm de chuva, o dobro previsto para o mês.

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