Os sem-terra do movimento Via Campesina que estão ocupando a fazenda experimental da Syngenta Seeds, no Oeste do Paraná, pretendem voltar a acampar dentro da área e tomar conta, definitivamente, do local.
Desde o início da semana, cerca de 300 sem-terra - que entre março e outubro ocuparam a fazenda em Santa Tereza do Oeste, mas haviam se mudado para o lado de fora da propriedade em 8 de novembro para cumprir ação judicial de reintegração de posse - voltaram a ocupar a área, de 143 hectares.
Embora as cerca de 70 barracas dos sem-terra estejam instaladas às margens da PR-163, os integrantes do movimento não estão deixando os funcionários da Syngenta entrar para trabalhar.
Diariamente, desde segunda-feira (13), os sem-terra ocupam a propriedade para trabalhar na lavoura que plantaram durante os meses em que ocupavam a área.Roça
"Por enquanto estamos limpando a roça, essa é a prioridade. Plantamos milho, mandioca, feijão, arroz, verdura. Depois, a gente volta a se instalar lá dentro, mas não sei dizer quando", disse Ramon Brizola, porta-voz do movimento.
Ele afirma, também, que os integrantes da Via Campesina aguardam a instalação de uma escola popular e centro de pesquisas de agricultura familiar no local - conforme anunciado pelo governo do estado, que desapropriou a área - para participar das atividades.
"Achamos muito bom isso que o governador fez e a idéia da escola", comentou Brizola, que é paranaense. "A gente quer participar".
De acordo com ele, no entanto, até agora nenhum dos invasores da Via Campesina que estão no local foi procurado por algum representante do governo para falar, oficialmente, sobre o futuro deles e da área, agora sob responsabilidade do estado.
"Ficamos sabendo da desapropriação da área, e da idéia de fazer a escola de agricultura, pelo próprio movimento, e também pelos meios de comunicação", contou o sem-terra. Mesmo assim, o objetivo do grupo é ficar no local.
Do Brasil
Ramon Brizola disse que, entre as cerca de 70 famílias que estão no local, há gente que não é do Paraná. "A Via Campesina é um movimento nacional. Temos aqui gente do Brasil inteiro", explicou.
Para alimentar as famílias acampadas, o movimento conta com a ajuda de outros pequenos agricultores, que já foram sem-terra e agora estão assentados em propriedades próximas, acrescentou Brizola. "Eles mandam comida, e tem também o que a gente plantou aqui".
Decreto
A fazenda da Sygenta Seeds foi transformada de utilidade pública por decreto estadual assinado pelo governador Roberto Requião em 9 de novembro.
O decreto 7487 está publicado na página 3 do Diário Oficial do estado, datado de 9 de novembro de 2006 e acessível também pela internet.
A direção da Syngenta diz que só vai se manifestar oficialmente sobre o caso depois que receber notificação judicial sobre a desapropriação - o que, até agora, de acordo com a assessoria da multinacional, não aconteceu.
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