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Parece que as palavras "paralímpico" e "Paralimpíada" não caíram no gosto dos meus leitores. A afirmação, talvez precipitada, considera os e-mails recebidos por causa da minha coluna "Paralimpíadas ou Paraolimpíadas?" Uma leitora, por exemplo, disse que não usa essas palavras nem sob tortura; outra afirmou que modismos como esses são prova do nosso desapego pela língua. Entre todas as reprovações, a que mais se destacou, para mim, foi a afirmação de um leitor, para quem "essas palavras não vão sobreviver porque não existe a palavra ‘limpíada’ na nossa língua".

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Com efeito, não encontrei essa palavra nos dicionários, instrumentos responsáveis por registrar um bom número de palavras de uma língua. Não todas. Também nunca ouvi alguém falar "limpíada" – talvez algum pai, naquelas brincadeiras de imitar a fala das crianças, tenha saído com uma "limpíada": "Quandu cê clecê vai disputá a limpíada e ganhá uma medaia di olo". Uma exceção. E um excesso do pai.

Mas será que o fato de não existir em nossa língua a palavra "limpíada" é suficiente para o desaparecimento dos termos reprovados?

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É pouco provável, para não dizer absolutamente improvável. O argumento básico nem precisa passar pelas regras de formação de palavras, mas pelo uso delas. A palavra "imexível" do ministro Magri é uma palavra bem formada, considerada sob o aspecto não ideológico, mas linguístico. Ela existe, tanto que muitas pessoas a pronunciam, sempre com o cuidado de isolá-la com aspas (aquele gesto que fazemos com os dedos). Contudo, não é registrada pelos dicionários.

Uma palavra é percebida como uma unidade pronta. Não é comum e muito menos produtivo o falante segmentá-la, fatiá-la. Se fatiarmos "mecatrônica", o que vamos ter? E "retrospectiva"?

Como donos da língua, temos o direto de não gostar de algumas palavras. Mas nosso poder quase sempre vai só até esse ponto.