Posto da Guarda Municipal fechado em Rua da Cidadania: segundo a prefeitura, só 30% do efetivo foi mantido no trabalho| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Polícia Civil: Sindicato notifica no interior

Dirigentes do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) estiveram ontem nas delegacias do Sul e do Oeste do estado, até Cascavel, notificando os delegados para que os investigadores deixem de atuar nas carceragens. Hoje serão notificadas as delegacias do Centro e Noroeste.

A notificação do Sinclapol se baseia na decisão judicial que proibiu a greve da categoria, determinando "a integral manutenção das atividades dos agentes policiais civis". Caso persista o desvio de função, o Sinclapol ameaça responsabilizar os delegados titulares civil e criminalmente. O presidente do sindicato admite a dificuldade de cumprir a determinação nas delegacias onde não há auxiliares de carceragem. É o caso da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba, a primeira a ser notificada, na última terça-feira.

O fim do desvio de função é uma das reivindicações dos policiais civis. A categoria pede ainda a aprovação de um plano de carreira, equiparação salarial à PM, remoção dos presos das delegacias e aumento de 100% do efetivo da corporação.

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Com a legalidade reconhecida por decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, a greve dos agentes da Guarda Municipal de Curitiba começa a afetar alguns serviços da prefeitura. Uma empresa particular de vigilância foi contratada de forma emergencial para garantir a segurança dos 20 Armazéns da Família que deixaram de ser atendidos pelos guardas municipais.

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Ao aceitar o agravo de instrumento ajuizado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), na quarta-feira, o TJ determinou que os grevistas mantivessem 70% do efetivo da corporação trabalhando. Segundo a assessoria de imprensa do Sismuc, a entidade está se organizando para cumprir a decisão. A prefeitura, por sua vez, alega que apenas 30% dos guardas estão trabalhando.

Serviços afetados

Das 26 unidades do Armazém da Família, 20 eram vigiadas pela Guarda Municipal. Com a greve, os armazéns chegaram a ser fechados. Foram reabertos ontem, com vigilância privada. A prefeitura está pagando R$ 5 mil pelo serviço. As atividades noturnas de esporte e lazer oferecidas no velódromo e nas praças Ouvidor Par­dinho e Osvaldo Cruz foram sus­pen­sas, deixando um saldo de 9,5 mil pesssoas afetadas. Também es­­tá paralisado o programa Bola Cheia, que leva atividades esportivas a 2,5 mil jovens de áreas de tráfico com o objetivo de mantê-los afastados das drogas, das 22 às 2 horas.

A assessoria de comunicação da prefeitura informa que 125 das 169 escolas municipais e 100 das 113 unidades de saúde estão sem guardas, mas continuam funcionando normalmente, assim como os parques municipais. A greve também deixou sem segurança 7 dos 9 distritos de manutenção urbana – núcleos descentralizados da Secretaria de Obras que abrigam veículos e máquinas, como caminhões, tratores, escavadeiras e rolos-compressores. Segundo a assessoria, já foram registrados furtos de baterias de caminhão nos distritos do Boqueirão e de Santa Felicidade.

Insegurança

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A paralisação dos guardas deixou sem segurança o Parque Estadual João Paulo II, o Bosque do Papa. Embora a área pertença ao estado, a administração dos equipamentos é feita pela Missão Católica Polonesa, em convênio com a Fundação Cultural de Curitiba, e pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. "Estamos com um problema muito sério", comenta uma funcionária, que prefere não se identificar. "Como é que fica a segurança do memorial, das casas históricas e do acervo? Tudo isso não pode ficar abandonado."

A ausência da Guarda Muni­cipal deixa os frequentadores do bosque inseguros. "A gente se sente desprotegida", reclama a aposentada Neusa Hartmann, vizinha e frequentadora do parque.

Na Rua da Cidadania da Matriz, a Guarda Municipal é responsável pela abertura e pelo fechamento dos portões de entrada do público. "Normalmente os portões são abertos às 7 horas, mas hoje (ontem) a Guarda Municipal só veio abri-los às 9h30", conta o comerciante Ricardo Mello, que tem um quiosque na praça de alimentação. Há atrasos também na saída: os comerciantes deixam o mercado às 19 horas e os portões costumam ser fechados às 19h30, mas, com a greve, o fechamento ocorreu por volta das 20 horas.

Segundo Mello, as vendas já estão sendo prejudicadas. "Vemos através das grades dos portões os clientes chegando e indo embora porque não podem entrar para comprar", afirma. "São 350 famílias afetadas, cada uma com seu box."

Sindicato

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A assessoria do Sismuc admite que a greve causa transtornos, mas alega que é o último recurso dos trabalhadores. O sindicato avalia como positiva a decisão judicial de segunda instância que reconhece o direito de greve da categoria, pois a prefeitura estaria usando o pretexto da ilegalidade do movimento para emperrar as negociações.

O Sismuc critica a contratação de uma empresa privada de vigilância, argumentando que o piso salarial dos vigilantes (R$ 996) é maior que o dos guardas municipais (R$ 710,88), sem ter as mesmas atribuições. Já a prefeitura alega que a comparação não é válida, uma vez que os servidores públicos recebem vantagens a que os trabalhadores da iniciativa privada não têm direito.