Rafael Greca (PMN) foi à cerimônia de posse do seu novo mandato como prefeito de Curitiba a bordo de um Volvo ElectriCity, padrão Euro 6, o motor menos poluente e obrigatório na Europa há dois anos. Para entender como o símbolo utilizado pelo novo prefeito pode ser um indicativo para o futuro da cidade, é preciso olhar para o passado. A empresa sueca chegou a Curitiba em 1977 atraída pela criação da Cidade Industrial e visando o mercado criado pelas vias expressas do então prefeito Jaime Lerner. Hoje ela tem testado novas soluções de ônibus com energia mais limpa na cidade, mas o que almeja mesmo é conseguir operar o projeto de eletromobilidade que ela apresentou dentro do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) de Eletromobilidade, lançado durante a gestão Gustavo Fruet (PDT).
A Volvo chegou a Curitiba dois anos após o fim do primeiro mandato do prefeito Jaime Lerner, a quem Greca não esconde admirar. Mas segundo Cássio Taniguichi, ex-prefeito da cidade e presidente da Urbs durante uma das gestões Lerner, o arquiteto e urbanista pai das estações-tubo também trabalhou ativamente para atrair a montadora à cidade.
“Entre 1973 e 1974, a carroceria dos ônibus expressos que tínhamos eram fabricadas pela Marcopolo e os motores vinham de uma fábrica na Bahia. Aí entraram em ação o Jaime [Lerner] e o Karlos [Rischbieter, que mais tarde se tornou ministro da Fazenda no governo João Figueiredo] dizendo que eles [a Volvo] fabricavam os melhores ônibus na Europa e que precisávamos disso aqui no Brasil. A Volvo detectou o mercado para os ônibus em Curitiba, com as vias expressas e pistas exclusivas, e escolheu nossa cidade.”
O primeiro modelo de ônibus fabricado em Curitiba foi o B-58. Tratava-se de um modelo convencional destinado ao transporte urbano. Foi em 1990, entretanto, que o pátio brasileiro da empresa deu um dos seus passos mais importantes na trajetória que colocou em evidência o transporte de Curitiba para o resto do mundo. Naquele ano, a montadora começou a desenvolver o primeiro ônibus biarticulado do planeta e isso ocorreu justamente na fábrica da região sul da capital paranaense.
Fabiano Todeschini, presidente da Volvo na América Latina, conta que o desenvolvimento do biarticulado atendeu a um pedido especial de Lerner. “Ele queria que fabricássemos um ônibus de maior capacidade. Desenvolvemos o modelo e entregamos 180 veículos dois anos depois. Hoje em dia, a única planta fabril da Volvo do mundo que produz biarticulados é a de Curitiba. E exportamos para países como Colômbia, Chile, Tunísia e Dubai”, conta Todeschini.
“Não faz barulho e não gera câncer”
A caminho da posse, o prefeito Rafael Greca escreveu em seu Facebook o motivo por trás da escolha do ônibus como modal para levá-lo à cerimônia: “É uma alegria vir nesse carro que não faz barulho e não gera câncer, porque não tem fumaça poluidora. Ele raramente emite a propulsão a óleo diesel. Só em caso de extrema necessidade. A bateria carrega inclusive quando o ônibus freia. É o futuro que está começando a entrar em Curitiba. Eu quis vir para a posse dentro desse veículo de ponta por dois motivos: para homenagear a Volvo, que emprega 4,2 mil pais e mães de família da nossa cidade só nos empregos direitos; e que espalhou o modelo do BRT criado lá no passado pelo nosso antecessor Jaime Lerner para 250 cidades do mundo inteiro. Essa visão de apoio à cidade industrial e de apoio aos empregos de Curitiba e a uma cidade ecologicamente correta é que queremos dar a nossa gestão “.
Futuro
Para os próximos anos, a empresa pode acabar pegando carona na retomada das relações amistosas entre a prefeitura e os operadores do transporte coletivo. A última compra de novos veículos em Curitiba ocorreu em 2012, durante a gestão Luciano Ducci (PSB). Na ocasião, as empresas operadoras compraram 30 modelos do novíssimo veículo hibrido, o Hibribus, da Volvo. Hoje, segundo a empresa, três mil veículos desse tipo já rodam no mundo. Mas a frota em Curitiba estacionou nas 30 unidades compradas há quase cinco anos. Gustavo Fruet, prefeito entre 2013 e 2016, entrou em litigio com as empresas de ônibus da cidade. Essa guerra até trouxe mais transparência ao setor, mas também resultou em nenhum novo ônibus comprado durante sua gestão: as empresas conseguiram uma liminar que as desobriga de renovar a frota da cidade.
E a Volvo, assim outras montadoras, seguiram desenvolvendo soluções mais limpas para o transporte durante esse período. A montadora sueca, por exemplo, está testando desde o ano passado na cidade um modelo articulado hibrido que economiza 32% de diesel e um elétrico-hibrido, cuja economia é de 68%. E também apresentou à gestão Fruet um projeto de eletromobilidade para cinco eixos da cidade -- uma espécie de BRT hibrido-elétrico. A proposta da empresa foi umas três enviadas pelo mercado atendendo a um chamamento da prefeitura. Ela foi apresentada em conjunto com a Cesbe Engenharia (uma construtora paranaense) e a Associação Metrocard – grupo de 17 viações que operam linhas na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Com as soluções já testadas e um projeto na prancheta, a Volvo espera voltar a produzir em larga escala para Curitiba. E a julgar pela escolha de transporte de Greca no dia da sua posse, isso parece cada vez mais próximo de acontecer.
“Fizemos um projeto para a cidade, que é o nosso laboratório de mobilidade urbana, e não para a gestão A ou B. Mas é claro que ficamos contentes [pela escolha do ônibus na posse]. O Greca participou lá atrás em conjunto com o Jaime [da concepção do modelo atual]. Ele é um apaixonado pela cidade”, resumiu Todeschini.
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