| Foto: CDC Organization/James Gathany

O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria do Estado da Saúde (Sesa) no dia 1.º de março mostra o avanço do zika vírus por todas as regiões do Paraná. No dia 2 de fevereiro, eram 146 casos notificados e dois confirmados no estado. Um mês depois, já existem 555 notificados e 93 comprovações de pacientes que tinham o vírus. Desses casos, 45% são autóctones – quando a pessoa contrai a doença na própria cidade onde vive.

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Ao todo, 16 municípios do estado já apresentam casos autóctones da doença, que se espalham pelo Litoral, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), Sul, Sudoeste, Oeste, Noroeste e Norte do Paraná. Além de registrar casos de zika, cinco cidades também sofrem com epidemia de dengue.

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A maioria dos casos de zika vírus estão na região Norte do estado, onde oito municípios registram 22 casos da doença. Em Maringá, foram registrados cinco casos de zika e oito em Colorado, onde a Sesa confirmou que cinco gestantes foram diagnosticadas com o vírus. Arapongas, Jataizinho, Bandeirantes, Itambaracá e Rancho Alegre também registram casos de zika.

No Litoral, a cidade de Paranaguá, que é o município com mais casos de dengue no estado e vive uma epidemia desde janeiro, confirmou oito casos de zika. Guaratuba também passou a apresentar pacientes contaminados - são três no total. Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba (RMC), registrou um caso autóctone no último boletim.

Curitiba registra 25 casos de zika, mas todos são importados – isto é, a pessoa viajou e contraiu a doença fora da cidade. O Sul e Sudoeste do Paraná somam quatro casos - um em Laranjeiras do Sul, um em Nova Prata do Iguaçu e dois em Santa Izabel do Oeste.

Como funciona o teste multiplex

A realização do teste com a tecnologia multiplex pelo Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen-PR) pode identificar de forma mais rápida os casos de zika. Mesmo que o paciente for diagnosticado com suspeita de dengue, o teste é realizado para qualquer uma das três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti – dengue, zika e chikungunya. Assim, se estiver contaminado pelo zika, por exemplo, o caso deixa de ser suspeito de dengue e é notificada a confirmação da infecção pelo zika vírus.

Antes da tecnologia ser implantada, o paciente recebia o diagnóstico de suspeita de dengue e era testado apenas para essa doença. Se a suspeita fosse descartada, o paciente seria submetido a um novo exame, o que poderia representar um caso a menos de zika nas estatísticas.

“O teste precisa ser feito até cinco dias depois do aparecimento dos sintomas, pois o que é identificado é um pedaço do próprio vírus. Depois desse período, o vírus não está mais em circulação e a doença não é confirmada”, explica Themis Buchmann. Todo este processo pode ser burocrático, já que envolve o envio de amostras de sangue ao Lacen, mas a capacidade de realização de testes pelo laboratório foi otimizada. “Em uma semana eram realizados 60 exames. Hoje, já é possível fazer 1400. É uma arma poderosa na luta contra o zika e a dengue no estado”, diz.

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De acordo com a coordenadora do programa de combate à dengue da Sesa, Themis Buchmann, o avanço dos casos de zika é uma preocupação do estado. Ela afirmou ainda que os números começaram a aparecer depois que as pessoas com suspeita principalmente de dengue foram submetidas ao exame com a tecnologia multiplex, que detecta casos da doença, além de zika e chikungunya. “Muitas vezes o paciente ia com suspeita de dengue e tinha um resultado confirmado para zika. Saber destes casos ajuda no combate ao vírus no estado”, explica.

Investigação

O avanço de casos de zika no estado acende um alerta para a contaminação de outros pacientes. De acordo com a coordenadora, a investigação dos casos confirmados da doença são essenciais para que se faça o bloqueio imediato da área em que ela foi contaminada. “Se temos uma única pessoa doente e um mosquito, é o suficiente para um segundo caso. Por isso é importante que haja investigação e que a vigilância ambiental vá até o local para eliminar os vetores e focos do mosquito”, destaca.

Para traçar o perfil, é preciso fazer uma investigação e identificar cada local e pessoa que o paciente possa ter encontrado ou visitado. Para Themis, essa é a principal ação para conter o vírus no Paraná. “Saber o histórico e a rotina da pessoa ajuda a acompanhar a circulação viral e para onde a pessoa pode ter levado a doença. Conhecer o paciente e onde ele mora, com quem ele convive é crucial para impedir que a doença continue se espalhando”, diz. A informação é a maior arma no combate às três doenças e pode representar o fim de uma epidemia”, afirma.

Tratamento

A investigação e confirmação dos casos é quase mais importante que o próprio tratamento dos pacientes, já que, por se tratar de uma infecção, a única atitude que pode ser tomada depois da contaminação é tratar os sintomas, como febre e dor. Em 80% dos casos, a pessoa não apresenta nenhuma manifestação da doença. “Por isso é importante que, na presença de qualquer um dos sintomas, o paciente seja testado para ter a doença confirmada ou não”, diz a coordenadora da Sesa.

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