Vilões cruéis, heróis de capa e bigode e mocinhas sofridas. Cartas de amor rasgadas, vinho na cara, sopapos e bate-bocas. Lágrima e mais lágrimas. O cenário político nacional por muitas vezes ficou parecido com os enredos das novelas mexicanas em 2015: dramalhões famosos por seus personagens caricatos, atuações exageradas e doses extras de drama. Confira na lista abaixo oito momentos em que políticos brasileiros pareciam interpretar um novelão mexicano. Em alguns casos, só faltou a maquiagem e a dublagem malfeitas:
1. A Carta de Temer a Dilma (Estranho Poder)
Nos bons folhetins mexicanos, mesmo o grande amor – pelo qual vale matar ou morrer – termina. E como o amor acaba? Desconfiança, fofocas, desfeitas, falta de reconhecimento... Traição! De acordo com a carta do vice-presidente Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff (PT), foi assim que tudo acabou. Temer gastou o latim em um texto que mais parecia as palavras de dor de um marido traído.
Leia a íntegra da carta de Temer a Dilma.
2. Dilma, a Vítima (A Dona)
Fosse numa novela mexicana o papel seria da atriz Thalia: a mocinha ingênua, órfã e pobre que tem um amor proibido e é rejeitada durante toda a trama. No folhetim do Planalto, o papel coube à presidente Dilma Rousseff, que se diz vítima de um golpe, que foi abandonada pelos aliados e que sofre com a rejeição popular. Nas novelas, porém, o final é sempre feliz. E em Brasília, como termina?
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3. Cunha, o Vilão (Ambição)
Toda novela mexicana que se preze tem um vilão, que tende a ser mais malvado que os de outras histórias. Porém, não precisava exagerar. Para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ser o malvado de folhetim mexicano só falta o tapa-olho. Maquiavélico, sempre está uma jogada à frente dos demais personagens. E promete dedicar todas as energias para infernizar a vida da mocinha até o último capítulo.
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4. Kátia, Serra e o Vinho (Os Ricos Também Choram)
Um galanteador barato e uma mulher que não leva desaforo para casa. A chance de “dar barraco” é grande. Numa reunião de políticos, a ministra Kátia Abreu (PMDB) jogou uma taça de vinho na cara do senador José Serra (PSDB) após ser chamada de “namoradeira”. O diálogo que se seguiu parece saídos da novela A Usurpadora: “Ao contrário de você, nunca traí”, disse a ministra.
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5. Deputados partem para a ignorância (Canavial de Paixões)
Também não faltou a velha coreografia dos machões latino-americanos se desafiando para um duelo com os hormônios políticos à flor da pele. Parlamentares perderam as estribeiras nas sessões do Conselho de Ética da Câmara que julga a cassação de Eduardo Cunha e trocaram tapas, xingamentos e empurrões. Me segura...
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6. Fachin, o herói (Só Você)
Eis que num cenário de grandes e pequenos vilões surge um candidato a herói: o ministro do Supremo Luiz Edson (em novela mexicana, mocinho sempre tem nome duplo) Fachin surgiu de capa preta, bigode e costeleta para suspender o impeachment e reorganizar o possível rito da cassação presidencial. Chegou a ser aplaudido por situação e oposição.
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7. Delcídio Propõe Fuga a Cerveró (Poucas, Poucas Pulgas)
Uma fuga mirabolante e a chance de recomeçar com uma nova e bem remunerada identidade. Essa foi a proposta de novela mexicana que o senador Delcídio do Amaral (PT) fez à família do velho amigo Nestor Cerveró, ex diretor da Petrobras e delator da Lava Jato. O vazamento da proposta indecente pôs fogo na trama e tirou Delcídio de cena.
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8. Dilma e Temer “acertam ponteiros” (Sigo Te Amando)
Dois dias depois da polêmica carta de Temer a Dilma vir a público, a presidente e seu vice se reuniram e pelo menos, nas aparências, “acertaram os ponteiros”. Na conciliação à mexicana, só faltou o cabelo ao vento em câmera lenta e o som dos violinos crescendo...
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