Dos EUA, Dilma fez pressão para o projeto passar
Apesar do dia intenso na quarta-feira, em Nova York (EUA) quando abriu a 66.ª Assembleia Geral das Nações Unidas e recebeu cinco chefes de Estado a presidente Dilma Rousseff trabalhou para ver a Comissão da Verdade aprovada pela Cãmara dos Deputados. A presidente ajudou a pressionar os deputados para que terminassem a votação ainda na noite de quarta-feira. Ontem, em entrevista aos jornalistas brasileiros que acompanhavam a visita, a presidente registrou a aprovação com apenas uma frase: "Acredito que é importante para o Brasil e para a posição do Brasil diante do mundo".
Anistiado na relatoria
No Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) será o relator do projeto de lei que cria a Comissão, um grupo de trabalho que ficará encarregado de examinar e esclarecer as violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. O nome de Aloysio Nunes, que foi perseguido político durante a ditadura militar, para relatar a Comissão da Verdade já recebeu o aval do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O nome de Aloysio Nunes para relatar o projeto foi pinçado pelo governo por sua proximidade com o assunto. Aloysio viveu no exílio e foi beneficiado pela Lei de Anistia de 1979. Na oposição à ditadura, o hoje senador tucano defendeu a luta armada e integrou a Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira comandada por Carlos Marighella.
O projeto de lei começa a tramitar na semana que vem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A ideia é que Aloysio Nunes não faça mudanças na proposta, mantendo o texto aprovado pelos deputados.
Um local inusitado serviu de cenário para os momentos mais decisivos na negociação que possibilitou a aprovação da Comissão da Verdade no plenário da Câmara Federal na quarta-feira. Com o aumento da tensão entre governo e oposição pondo em risco a tentativa de acordo, os principais interlocutores foram parar no banheiro.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, recorreram à privacidade do banheiro do gabinete do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para telefonar para a presidente Dilma Rousseff, em viagem a Nova York para participar da assembleia da ONU, e ouvir, como resposta, a desaprovação dos termos negociados por seus representantes, naquele momento, com a oposição.
Como os líderes da oposição, ACM Neto (DEM-BA) e Duarte Nogueira (PSDB-SP), já davam como encerrada a tentativa de acordo, novamente os negociadores recorreram ao reservado do banheiro. Para salvar a votação ainda naquela noite, Marco Maia engrossou a população do sanitário, levando os dois líderes da oposição para a reunião com os ministros, que se mantinham no banheiro.
Aperto
A essa altura, já se apertavam nos cerca de 1,5 metro por 2,6 metros do banheiro: Cardozo, Maria do Rosário, Maia, José Genoino (assessor do Ministério da Defesa), o líder do governo, Candido Vaccarezza (PT-SP), e os líderes ACM Neto e Duarte Nogueira. O acordo saiu e o projeto foi aprovado. "Foi uma noite inusitada", constatou Maia. "[O banheiro] foi a busca por um espaço para se fazer uma conversa sem que todos ouvissem. Uma busca de privacidade", justificou o presidente da Câmara.
Antes, porém, uma reunião preliminar ocorreu no banheiro do gabinete da liderança do DEM. Os líderes ACM Neto, Duarte Nogueira, e o da minoria, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), se reuniram com Marco Maia para apresentar o texto que a oposição concordava em votar. "As duas salas da liderança estavam tomadas por deputados", argumentou o anfitrião ACM Neto.
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