O advogado que representa a família de Gilmar Yared, um dos dois jovens mortos no acidente causado pelo então deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho há um mês, entregou um ofício na tarde desta segunda-feira (8) cobrando rigor nas investigações do caso, que são de responsabilidade da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran).

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Em entrevista coletiva, o advogado Elias Mattar Assad disse ter pedido no documento a decretação da prisão preventiva do ex-deputado caso ele esteja a se esconder. Assad opinou que a polícia deve fazer diligências em Guarapuava e em Curitiba para intimar o ex-parlamentar. Se não conseguir, deve pedir que ele seja preso.

Assad disse que não está descartada a hipótese do ex-deputado ter fugido do país. A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com familiares e assessores do deputado, mas não obteve êxito.

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Carli Filho recebeu alta no sábado (6), mas o hospital Albert Einstein, onde ele estava internado, só confirmou a informação nesta segunda-feira. Na opinião do advogado, se o deputado teve condições de escrever uma carta de renúncia ao cargo, também era possível que ele fosse interrogado no hospital. O texto foi lido na Assembleia Legislativa na semana passada.

O pai da vítima, que também se chama Gilmar Yared, disse que qualquer "cidadão comum" já estaria preso. Yared ressaltou que o Brasil precisa de "políticos íntegros".

Outro lado

O delegado Armando Braga de Moraes Neto, titular da Dedetran, afirmou que estava em reunião nesta tarde na Procuradoria Geral do Paraná e, por causa disso, não leu o documento entregue por Assad. O policial disse que só opinaria sobre as declarações do advogado e da família Yared após ler o ofício.

Braga conseguiu que o prazo para a conclusão do inquérito fosse prorrogado até o dia 7 de julho, dia no qual o acidente completará dois meses. O delegado disse estar confiante na conclusão das investigações dentro do prazo.

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Do acidente à renuncia

O que poderia ser apenas mais um acidente trágico com mortes a entrar para as estatísticas de trânsito acabou provocando a primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas não só de políticos, mas de 68 mil cidadãos que continuam dirigindo com a carteira de habilitação suspensa.

Depois da morte dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, o governo do estado decidiu "caçar" os motoristas que ignoram as leis de trânsito. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) determinou a entrega das habilitações suspensas em 48 horas, sob ameaça de prender os desobedientes.

O resultado foi um crescimento de 568% na devolução de carteiras no primeiro dia medida, 28 de maio. Foram 695 devoluções só nesta data. A média de 2009, até então, era de 104 devoluções por dia.

Nesse universo em situação irregular, 26 deputados estaduais já receberam notificação de suspensão de carteira. A descoberta também veio na esteira do caso Carli.

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A população também participou protestando contra a impunidade no trânsito, cobrando respostas da polícia, do Judiciário e da Assembleia Legislativa. Saiu às ruas em passeatas e fez campanha com adesivos nos carros – "190 km/h é crime".