O advogado Nélio Machado, que defende o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), disse nesta sexta-feira (29) que seu cliente é inocente das acusações da Procuradoria-Geral da República relativas à Operação Caixa de Pandora, que investigou o chamado mensalão do DEM de Brasília.
Machado destacou a demora do Ministério Público em apresentar a denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e manifestou estranheza pelo fato de que isso só tenha ocorrido nesta sexta-feira, último dia antes do recesso do STJ - portanto, véspera do julgamento do Mensalão, em 2 e agosto, no Supremo Tribunal Federal.
"Ela [a denúncia] vem à baila dois anos e meio após a prisão dele [Arruda], no último dia antes do recesso do STJ e às vésperas de um julgamento rumoroso no Supremo. Não posso desconsiderar a coincidência, que suscita, no mínimo, curiosidade. Por que não denunciaram antes e só agora?", disse Machado.
O advogado afirmou que ainda não teve acesso ao teor da denúncia e que só a conhece pela imprensa, mas adiantou que a investigação do Ministério Público "não tem consistência alguma". "Não se faz mágica, fatos não se criam. Se inventou uma hipótese a partir de uma pessoa de vida pregressa questionável e destituída de qualquer credibilidade, o senhor Durval Barbosa, que foi colocado como vestal e como se fosse a voz da acusação. A palavra dele foi tão pouco eficiente que já temos aí quase três anos. Se havia fatos concretos, não se justifica esse tempo todo", disse.
Machado disse que se cliente vai se manifestar quando solicitado pelo STJ e provar a sua inocência. O advogado afirmou que Arruda mantém atualmente dupla residência no Distrito Federal e em São Paulo. "É melhor que venha a denúncia. Assim, não ficamos nesse vazio", concluiu Machado.
Surpresa
Já o empresário e ex-governador do Distrito Federal Paulo Octávio manifestou surpresa com a denúncia. Em mensagem divulgada por sua assessoria na noite desta sexta-feira, Octávio diz que não há provas contra ele. "Recebo com surpresa a notícia que o procurador-geral incluiu meu nome na denúncia apresentada ao STJ. Não há nenhuma prova contra mim, não fui apontado no relatório elaborado pela Polícia Federal e tenho convicção de que esta peça não vingará quando for analisada pela Justiça", disse o empresário, na mensagem.
Na denúncia, o ex-governador e outras 36 pessoas são acusadas de participar do chamado mensalão do DEM, suposto esquema de desvios de recursos do governo do DF para pagamento de propinas para autoridades. O documento do MP detalha como teria ocorrido a partilha do dinheiro desviado dos cofres públicos. Segundo o procurador-geral da República Roberto Gurgel, normalmente o ex- governador José Roberto Arruda recebia 30% da propina, Paulo Octávio recebia 20% e os secretários de Estado, 10%. Os percentuais variavam de acordo com cada contrato.
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