O advogado do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), Nélio Machado, afirmou nesta sexta-feira (12) que não vai recorrer da decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou habeas corpus ao governador. "Não me parece uma medida conveniente [recorrer da decisão]. Esse habeas corpus pode ter e deve ter um julgamento célere", disse, sobre a análise definitiva do pedido de liberdade de Arruda.
Nesta sexta, Marco Aurélio negou o habeas corpus em caráter liminar. A análise em plenário no STF só vai ocorrer após o Carnaval, em data ainda não marcada. A próxima sessão do Supremo está marcada para a quarta-feira de Cinzas (17).
Segundo Machado, a análise do habeas corpus no plenário do STF será "a primeira vez" que a Justiça dará o direito de a defesa de Arruda ser ouvida, desde que a operação Caixa de Pandora foi deflagrada. A operação investiga um suposto esquema de corrupção no governo do Distrito Federal.
A ordem de prisão preventiva contra Arruda foi expedida na quinta-feira (11) à tarde pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de Arruda, o STJ decretou a prisão de quatro pessoas envolvidas na tentativa de suborno do jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Sombra. A prisão foi decretada sob o argumento de que todos estavam atrapalhando as investigações sobre o "mensalão do DEM de Brasília".
"A investigação corre há dois meses e meio e não chamaram o governador para depor em nenhum momento. Que investigação é essa que não faz acareação do governador com o Seu Sombra, do governador com o 'Seu Durval'?", questionou.
O advogado reconheceu que não há possibilidade de Arruda deixar a prisão antes do carnaval. "Não há essa possibilidade. Não está nas minhas pretensões agir dessa maneira [de recorrer da decisão do STF]."
O escândalo de corrupção no DF veio à tona no dia 27 de novembro quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. O suposto esquema de distribuição de propina foi denunciado pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa. O inquérito que envolve o governador do DF, seu vice e oito deputados distritais, além de empresários e membros do governo, tramita no STJ.
Nélio Machado disse não saber se Arruda permanecerá preso na Superintendência da PF ou se será transferido, mas disse que ainda vai visitar seu cliente ainda nesta sexta-feira. "Não falei com o governador. Agora, me sinto na obrigação de confortar meu cliente, de visitá-lo e dizer para ele ter fé na Justiça", declarou.
Machado voltou a dizer que Arruda "nega a prática de qualquer ilícito" e que a veracidade das imagens em que o governador e aliados aparecem recebendo dinheiro só será comprovada pelo Instituto de Criminalística da PF.
Crítica
Machado criticou a rejeição ao pedido de liberdade de Arruda. Segundo ele, a Justiça "não está imune a equívocos". O STF vai julgar o habeas corpus protocolado pela defesa do governador em data ainda não definida.
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