O advogado de Antonio Pimenta Neves, Carlos Frederico Müller, afirmou na manhã desta quinta-feira (14) que seu cliente vai se entregar à polícia. Müller afirmou que Pimenta Neves não está foragido - apesar desta ser sua situação perante a Justiça, já que o jornalista não se apresentou após a expedição do mandado de prisão.
"Pimenta Neves não está foragido. Ontem (quarta-feira), às 16h20m, foi protocolada uma petição ao desembargador, pedindo uma audiência para que combinássemos a sua apresentação", afirmou Müller. De acordo com o advogado, a Justiça não teria dado resposta sobre o pedido.
Müller diz que, com a petição, pretende resguardar a integridade de seu cliente, já que, durante o julgamento no Fórum de Ibiúna, ele e seu cliente quase foram agredidos pela população. "Quase fomos mortos", disse.
Vizinhos do Pimenta Neves dizem não ter visto o jornalista desde a última sexta-feira (8). "Meu marido viu ele de malinha, e até pensou que ele ia fugir", afirmou Irene Gutt, que mora ao lado da casa do jornalista.
Prisão
O juiz Diego Ferreira Mendes expediu mandado de prisão contra o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, condenado pelo assassinato da jornalista Sandra Gomide, em agosto de 2000. A expedição do mandado havia sido determinada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), no início da tarde desta quarta-feira (13).
O documento do TJ-SP com o pedido chegou por fax ao Fórum de Ibiúna, a 64 km de São Paulo, minutos antes do encerramento do expediente, às 19h. Quase simultaneamente, a defesa de Pimenta Neves entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Os advogados do jornalista querem impedir que seu cliente seja preso. A pena dele, revista nesta quarta, é de 18 anos de prisão. Antes, era de 19 anos e dois meses.
Foragido
À noite, policiais civis estiveram na casa de Pimenta Neves para cumprir o mandado de prisão. Mas ninguém atendeu. Como o jornalista só declarou um endereço no processo em que foi julgado, ele já é considerado foragido.
Para cumprir o mandado, uma equipe da polícia fez plantão durante toda a noite vigiando a casa. Não se sabe onde está o jornalista. A casa dele, na Zona Sul da capital paulista, parece vazia. O pedido de prisão de Pimenta Neves será encaminhado ao Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt e depois distribuído às equipes de busca.
Julgamento negado
Nesta quarta-feira, três desembargadores do Tribunal Justiça de São Paulo determinaram a prisão e rejeitaram por unanimidade um recurso da defesa, que pedia a realização de um novo julgamento.
A advogada do jornalista, Ilana Müller, criticou os desembargadores, alegando que "ninguém pode ser tratado como culpado até transitado em julgado o processo". O promotor de Justiça Carlos Sérgio Rodrigues Horta Filho comemorou a decisão. "A redução do prazo foi ínfima. Ficou de bom tamanho", disse.
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