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Em estratégia para se cacifar e reforçar seu papel de líder oposicionista, o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) desembarcou hoje no Congresso determinado a reunir os três partidos de oposição e os dissidentes do PMDB em torno de uma agenda de reformas que mobilize a sociedade de forma a constranger os governistas a apoiá-la. Antes, vai ter que cicatrizar o próprio PSDB. Apontado como incentivador da moção da bancada tucana na Câmara em favor da reeleição do agora deputado Sérgio Guerra (PE) à presidência do partido, Aécio minimizou a crise que envolveu o ex-governador José Serra pelo comando da legenda e disse que o prazo para definição será maio. "O grande ativo que temos é a unidade", disse.

A primeira investida será para ganhar o apoio dos prefeitos de todo o País em um projeto que impeça o governo federal de dar incentivos fiscais com a parcela dos impostos que, por lei, tem que ser repassada aos municípios. "Se a gente não qualificar a oposição, seremos massacrados", afirmou Aécio aos senadores tucanos, na primeira reunião de bancada convocada hoje à tarde pelo líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). "Nesta minha volta ao Congresso, quero contribuir para que os grandes temas das grandes reformas não fiquem mais uma vez no armário, preteridos pela agenda do Executivo", completou.

O ex-governador de Minas vai abrir o entendimento com o PMDB através do ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira, que também está de volta ao Congresso depois de oito anos à frente do Executivo estadual. Bastou um encontro casual no tapete azul que cobre corredores e salões do Senado para que os dois acertassem o primeiro contato. A ideia é fechar a lista de conversas, que também inclui os governadores tucanos e de oposição, nos próximos 30 dias. É a partir das sugestões colhidas nesses contatos que se pretende montar a agenda da oposição para o Brasil e levá-la a conhecimento da opinião pública na primeira quinzena de março.

"Quero chamar as lideranças municipalistas e montar com elas uma agenda federativa", antecipa Aécio, para quem, neste caso, o apoio dos prefeitos será a única forma de a oposição minoritária "se contrapor ao rolo compressor dos governistas", constrangendo os aliados do governo a aprovar os projetos da oposição. Ele avalia que o interesse dos municípios em conter a generosidade do governo, que costuma fazer "bondades" com recursos de impostos compartilhados com prefeituras, é imenso, em função da situação financeira precária pela qual passa a maioria delas. No caso específico de Minas Gerais, a contabilidade das prefeituras que não conseguiu pagar o 13º salário do funcionalismo soma 300 dos 853 municípios.

O mesmo raciocínio se aplica a outros projetos cogitados por Aécio, como o que proíbe o contingenciamento de verbas do Orçamento da União destinadas aos fundos Penitenciário e de Segurança Pública. Neste caso, mais do que o apoio dos governadores, o tucanato aposta que ganhará a sociedade civil. Além da pressão pontual da opinião pública, o senador mineiro acredita que a oposição também terá a seu favor a disputa na base governista que é de difícil administração em função do tamanho, já que somam 14 os partidos aliados. "Quando a base é muito ampla, sempre tem quem queira mostrar que as coisas não são tão fáceis assim. Vamos nos ajudar mutuamente", aposta Aécio.

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