Em uma tentativa de demonstrar que ainda possui capacidade de articulação no PSDB de outros Estados, o governador de Minas, Aécio Neves reuniu neste sábado (24) em Belo Horizonte quatro parlamentares do partido e anunciou o indicado pelos tucanos para ocupar a primeira secretaria da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. As eleições irão ocorrer no próximo dia 2 de fevereiro.

CARREGANDO :)

O deputado Eduardo Gomes (TO) abriu mão da candidatura em favor do colega mineiro Rafael Guerra. "Nós tínhamos até o início desta semana, três postulantes à primeira secretaria, cargo mais relevante na estrutura da Câmara dos Deputados depois da Presidência", disse o governador.

O anúncio ocorre no final de uma semana em que Aécio foi atropelado pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), eventual adversário em uma disputa interna do partido para a indicação como candidato à presidência da República em 2010. No começo da semana, Serra anunciou a nomeação de Geraldo Alckmin para a secretaria de Desenvolvimento de São Paulo, em uma manobra para retirar de Aécio o mais relevante apoio que possuía entre os tucanos paulistas.

Publicidade

Questionado se esta seria sua resposta à manobra do governador paulista, Aécio respondeu que "o PSDB tem uma noção clara de que a sua unidade é o instrumento mais vigoroso que ele tem para retornar ao poder Central". Para ele, mesmo com as especulações, o "PSDB vive um processo de unidade interna". O gesto do deputado Gomes, conforme o governador, permitirá ao partido "iniciar um processo de reunificação".

"É importante o papel da primeira secretaria em toda a estrutura de funcionamento da Câmara dos Deputados e não deixa de ser também uma demonstração da capacidade de articulação que a bancada do PSDB tem e que os deputados aqui presentes tiveram" Estiveram hoje reunidos com o governador, além de Eduardo Gomes e Rafael Guerra, os deputados tucanos Carlos Sampaio (SP) e Rodrigo de Castro (MG).

Aécio minimizou ainda as declarações do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), que ontem chegou a apontar as dificuldades que o governador mineiro enfrentaria dentro do PMDB, caso decida mudar de partido para concorrer à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O meu caminho no PSDB está muito claro. Eu tenho relações estreitas com o PMDB, buscarei trabalhar para que o PMDB possa estar ao nosso lado no nosso projeto nacional, como já esteve em outros momentos. O PMDB é hoje um partido fundamental ao Brasil tanto numa disputa eleitoral quanto para garantir a própria governabilidade".

Segundo ele, para que o PSDB consiga aglutinar outras forças no seu entorno, "precisa apresentar mais que um candidato, precisa apresentar um projeto". "Nenhum momento mais adequado do que esse das consultas internas às bases do partido, que estarão certamente muito mais mobilizadas se nós instituirmos esse novo instrumento (de realização das prévias)".

Mesmo defendendo o entendimento e o consenso para a escolha do deputado indicado pelo partido para assumir um posto na Mesa Diretora da Câmara, Aécio continua defendendo a realização das prévias no PSDB para definir o candidato tucano que irá disputar as eleições presidenciais do ano que vem. "O PSDB não pode deitar em berço esplêndido e achar que porque seus candidatos aparecem à frente das pesquisas, já venceu as eleições", disse ele em uma clara alusão a José Serra.

Publicidade

Além disso, segundo ele as prévias poderão permitir "que as pessoas possam diferenciar os projetos do PSDB daquele que hoje está comandando o Brasil". O governador mineiro reafirmou sua disposição de iniciar viagens pelo Brasil, após a regulamentação da disputa, a partir do mês de março, para discutir o projeto de poder do partido. "Agora a prévia pressupõe que exista mais de um candidato.

Em havendo um entendimento e acho que isso é possível, as prévias não serão necessárias. Mas nós não devemos temê-las. Até porque elas já estão aprovadas pela direção do partido. Faltando apenas a sua regulamentação".