A decisão da Câmara dos Deputados em acolher o pedido de impeachment será lida nesta terça-feira (19) no plenário do Senado.
A primeira disputa entre oposição e aliados será em relação ao ritmo do processo. Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) prometeu um ritmo “normal”. “Ele não vai atrasar, nem acelerar, como fez o Eduardo Cunha”, diz a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Uma das mais aguerridas defensoras da presidente Dilma, a paranaense deve ter atuação importante nesta segunda etapa do processo de impeachment. Para ela, o Senado é completamente diferente da Câmara de Cunha.
“Não temos o mesmo nível de acirramento, nem um presidente militante. Aqui fazemos sempre um debate mais qualificado, mais profundo. A gente vai ter oportunidade de mostrar que não existe crime de responsabilidade”, acredita a senadora.
Ao contrário de outros aliados da presidente Dilma, que reservadamente admitem dificuldade extrema para vencer na primeira votação no Senado, Gleisi garante que “ninguém jogou a toalha”. Questionada sobre quais armas ainda restam ao governo Dilma, já que a fase de negociação de cargos teria se esgotado, Gleisi reforça que, no Senado, “há espaço para convencimentos, conversas”.
A derrota na primeira fase do processo de impeachment no Senado já é dada como praticamente certa pelos aliados da presidente Dilma. Para se admitir o processo encaminhado pela Câmara, basta maioria simples no plenário do Senado, número que a oposição já teria hoje na Casa.
Apesar disso, aliados dizem que o trabalho contra o impeachment já recomeçou – agora, o objetivo é evitar que a oposição consiga dois terços dos votos na derradeira votação no Senado.
Aliados trabalharão no pior dos cenários – se o Senado admitir o processo de impeachment na primeira votação, Dilma é obrigada a se afastar do cargo até o julgamento final, previsto para ocorrer dentro de 6 meses, no máximo.
A admissibilidade deve ser votada pelos senadores daqui três semanas. Um eventual afastamento beneficia de imediato a oposição, já que Dilma perderia a caneta e o “poder de barganha”, uma das estratégias utilizadas até aqui em busca de apoio.
Se afastada, Dilma perderia, por exemplo, o nome de José Eduardo Cardozo, que, até aqui à frente da Advocacia-Geral da União (AGU), é quem atuaria no Judiciário contra o impeachment.
Além disso, com o afastamento da petista, o vice Michel Temer (PMDB) assume de forma interina. A “perspectiva de poder” dá força às articulações que o peemedebista já costura nos bastidores para conquistar apoios pró-impeachment. E embora fique em uma situação delicada, já que o processo de impeachment ainda estará em curso, o peemedebista vai querer demonstrar que tem condições de fazer um governo de transição e dar estabilidade ao país.