O dia seguinte
15 anos depois, tucano vira vereador "comum"
Após quase 15 anos no comando da Câmara de Curitiba, o presidente licenciado João Cláudio Derosso (PSDB) teve seu primeiro dia como vereador "comum" desde 1997. Derosso compareceu à sessão e sentou-se na bancada mais distante da Mesa Executiva, onde ficava antes o vereador Juliano Borghetti (PP) que se mudou para a primeira bancada, ao lado de Paulo Salamuni (PV). Durante a sessão, passou a maior parte do tempo conversando com colegas.
A presença de Derosso foi breve. Com menos de uma hora de sessão, o vereador deixou o plenário e não voltou mais. No caminho, diversos jornalistas tentaram entrevistá-lo. O tucano respondeu que só daria entrevistas depois de consultar seus advogados.
Menos de 24 horas depois de o presidente licenciado da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), pedir afastamento por 90 dias do cargo, o Conselho de Ética da Casa arquivou dois processos que corriam contra o vereador. O primeiro dizia respeito ao afastamento de Derosso por causa de irregularidades na contratação da Oficina da Notícia empresa da mulher do tucano, Claúdia Queiroz Guedes , enquanto o segundo tratava de supostas irregularidades na impressão e na divulgação da revista , que custou R$ 18,3 milhões aos cofres públicos entre 2004 e 2010.
O primeiro caso já tramitava em um estágio mais avançado. O afastamento de Derosso por até 90 dias havia sido aprovado pelos cinco integrantes do Conselho de Ética em setembro, a partir de relatório do vereador Jorge Yamawaki (PSDB). Uma subcomissão, composta por Noêmia Rocha (PMDB), Dirceu Moreira (PSL) e Pastor Valdemir Soares (PRB) tinha a prerrogativa de elaborar uma resolução para que a punição fosse votada em plenário ou arquivada em definitivo.
Voto
Em outubro, Noêmia, com o apoio da bancada de oposição, apresentou um voto em separado pedindo que Derosso perdesse o mandato por 90 dias, já que os integrantes não entraram em um consenso em relação à duração. Os outros dois vereadores anunciaram que não arquivariam o processo, mas que ainda precisavam discutir a duração da pena com o resto da bancada de situação.
Na segunda-feira, o próprio Derosso pediu seu afastamento temporário da presidência da Casa o que é diferente da perda temporária do mandato de vereador, já que ele continua participando normalmente das atividades da Câmara. Com isso, os dois vereadores, com apoio de alguns vereadores aliados do tucano, decidiram arquivar o processo.
De acordo com Soares, foi uma decisão política. Para ele, como Noêmia havia apresentado um voto em conjunto com a bancada de oposição, ele e Moreira deveriam apresentar um voto em conjunto com a bancada de apoio ao prefeito. Segundo Soares, houve uma reunião entre lideranças e o grupo chegou a um consenso de que, como o presidente já havia pedido seu afastamento, não haveria motivos para levar esse processo a plenário. A manobra foi contestada por vereadores da situação, que negam que isso tenha sido sequer discutido (leia texto nesta página).
Para Noêmia Rocha, uma coisa não deveria excluir a outra. "Eles disseram antes que pediriam o afastamento, mas agora se dizem contemplados. Eu não entendo assim. Qualquer vereador pode pedir seu afastamento, isso não é uma punição", afirmou a peemedebista. "Mas sinto que fiz a minha parte, tenho consciência de que fiz o que era mais correto."
Câmara em Ação
Foi aprovado pelo Conselho de Ética, também, o relatório de Moreira sobre as suspeitas de irregularidade na revista Câmara em Ação. O vereador tinha apresentado na quinta-feira um relatório de apenas duas páginas dizendo que não havia encontrado qualquer irregularidade, mesmo admitindo ter se baseado apenas nas notas fiscais apresentadas pela Câmara e em alguns minutos de depoimento dos envolvidos, e que o processo deveria ser arquivado. Soares e Yamawaki foram favoráveis, Noêmia votou contra e o presidente do Conselho, Francisco Garcez (PSDB), se absteve.
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