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Delcídio Amaral está preso por ter relação com a Operação Lava Jato. | Sérgio Lima/Folhapress
Delcídio Amaral está preso por ter relação com a Operação Lava Jato.| Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Advogado do executivo Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato , Antonio Figueiredo Basto afirmou à reportagem que seu cliente é amigo do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e que isso explicaria a anotação, encontrada pela Polícia Federal com o chefe de gabinete do senador, sobre um encontro entre os dois em abril de 2015. Basto também vai defender Delcídio, que decidiu tentar um acordo de delação premiada com os investigadores.

Cerca de seis meses antes, Camargo havia fechado sua colaboração com a Lava Jato, na qual admitiu ter pago propina de pelo menos US$ 15 milhões a dois altos funcionários da Petrobras, Renato Duque, ligado ao PT do Rio, e Pedro Barusco.

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Em julho, reconheceu ao juiz Sergio Moro ter remunerado o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com US$ 5 milhões. O encontro com Delcídio teria ocorrido entre essas duas revelações. No primeiro depoimento, Camargo também confirmou ter doado R$ 200 mil para a campanha eleitoral de Delcídio de 2010, mas logo procurou isentar o senador, dizendo que suas doações eleitorais “não se trataram de vantagem indevida”.

Nas campanhas de 2010 e 2012, Camargo doou R$ 1 milhão mil por meio de suas microempresas, a Piemonte e a Treviso -as mesmas envolvidas no pagamento de propina em troca de negócios com a Petrobras. amargo financiou outras onze campanhas eleitorais do Mato Grosso do Sul, estado de Delcídio, incluindo um vereador de Corumbá, cidade natal do senador.

No depoimento, porém, Camargo disse que “nunca utilizou as doações oficiais como veículo de pagamento de propinas, foram doações espontâneas” e alegou que algumas “foram solicitadas por alguns candidatos e outras por solicitações de partidos e que o declarante entendeu ser conveniente contribuir”.

Ele admitiu ter amizade com Delcídio e com o então senador Romeu Tuma (1931-2010), para quem doou R$ 100 mil. Doou mais R$ 180 mil para a campanha de um filho do senador, Robson Tuma.

Jantar

No mesmo dia em que Delcídio foi preso, em novembro, a PF encontrou no apartamento do assessor do parlamentar, Diogo Ferreira, uma anotação que indicou ter ocorrido um jantar entre o senador e Camargo em abril de 2015. Figueiredo Basto, o advogado de Camargo, disse que seu cliente não se recorda se o jantar ocorreu ou não, mas minimizou o suposto encontro.

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“Eles são amigos, sempre foram amigos. Primeiro, não sei se esse jantar ocorreu. Se ocorreu, não vejo problema nenhum. É um mero jantar e não tem significação”, disse Basto, que afirmou “não ter a menor ideia” de como Delcídio e Camargo se conheceram.

O advogado disse que Camargo foi indagado várias vezes pelos investigadores da Lava Jato sobre sua amizade com Delcídio. “Meu cliente nunca negou sua relação [com o senador]”, disse.

Além de Camargo, Delcídio mantinha relações com um segundo delator da Lava Jato, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Em depoimento à PF, Delcídio disse que conhece Cerveró há anos e que aceitou falar com o filho do ex-diretor, Bernardo, com vistas a retirar Cerveró da cadeia por uma razão “humanitária”.

O advogado de Delcídio, Maurício Silva Leite, informou que não irá manifestar sobre o conteúdo de papéis apreendidos na semana passada até que tenha acesso a todo material, o que não havia ocorrido até agora. A reportagem apurou que o senador tem dito a interlocutores que, se indagado pela PF, não negará sua amizade com Julio Camargo.

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