Anac diz que situação aérea só será ideal em março

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O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, afirmou nesta terça-feira que a situação aérea do país só se tornará ideal em março do ano que vem, quando os novos controladores de vôo começarem a trabalhar. Ele acrescentou que, embora todas as medidas tenham sido tomadas para se evitar novos transtornos, é preciso rezar para que não ocorram mais problemas.

- Na entrada do ano, entram os controladores (de vôo) formados em novembro. Estamos em uma situação boa e podemos com certeza, a partir de fevereiro e março, estar em uma situação ideal - disse Zuanazzi, antes de participar de uma reunião do Conselho de Turismo, no Rio.

Ele afirmou que a situação aérea do país agora é mais tranqüila e que todas as medidas técnicas foram tomadas para que o fim de ano seja calmo.

- Se tudo der certo, evidentemente a gente sempre reza, mas, do ponto de vista técnico, as medidas foram tomadas para que os usuários tenham um fim de ano muito tranqüilo - disse Zuanazzi.

Ele minimizou, no entanto, uma declaração feita na segunda-feira pelo ministro da Defesa, Waldir Pires (de acordo com relato do presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes), segundo o qual seria necessário fé para que tudo corresse normalmente no setor neste fim de ano.

- Foi uma forma de o ministro dizer que nós tomamos todas as medidas e que o resultado nem sempre é o que se espera. Às vezes, acontecem coisas como na semana passada. Uma pane em um equipamento que nunca ocorreu... Foi uma expressão, a gente tem que rezar para que não aconteça nenhuma coisa desse tipo - disse.

Zuanazzi também afirmou que, o que o turismo tinha a perder, já perdeu e que agora o setor está convencido de que a situação é normal e de que a alta temporada é boa para o setor. Sobre a restrição sobre os vôos charter, ele disse que a medida já está em vigor, limitando o tráfego desse tipo de aeronave em horário de pico (de 7h às 9h e de 17h a 20h, de segunda a sexta, e após as 17h, aos domingos).

Até as 10h30, oito cancelamentos

De acordo com boletim da Anac, de meia-noite até as 10h30 os aeroportos brasileiros registraram oito cancelamentos de vôos. Dos 587 vôos previstos para o todo o país, 115 apresentam atrasos superiores a uma hora. No aeroporto do Galeão, no Rio, um dos 53 vôos previstos foi cancelado e sete apresentam atraso. Em Brasília, oito dos 30 vôos previstos estavam com atraso. Em São Paulo, nove dos 81 vôos do aeroporto de Congonhas e 14 dos 57 previstos para o de Guarulhos estavam atrasados. No aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, seis dos 19 vôos estavam com atraso. A Anac só tem divulgado os atrasos superiores a uma hora.

Corte de energia na segunda-feira no Cindacta 2

Por meio de nota, a Anac confirmou que o Cindacta 2 teve os radares de controle de tráfego aéreo em Curitiba, desligados por 40 minutos na egunda-feira, por volta do meio-dia. De acordo com a nota, a interrupção teria sido necessária para trabalhos de modernização nos equipamentos.

Contudo, o Jornal Nacional divulgou entrevista com um controlador de vôo, que prefere não se identificar, que afirmou que quando há um corte de energia elétrica, a torre do aeroporto sempre é avisada com antecedência. Além disso, essas operações costumam ser feitas de madrugada, porque o tráfego de aviões é bem menor. Ele diz também que o gerador de emergência, que deveria fornecer energia, não funcionou.

- O que ocorreu hoje é que o equipamento falhou. Quando há necessidade de se desligar um ou vários radares, há um planejamento para que os controladores se programem de forma a garantir a segurança do tráfego que estarão controlando no momento - denunciou o controlador.

Informada sobre a denúncia do controlador de Curitiba, a Aeronáutica reiterou que o corte de energia já estava programado.Semana pode ser agitada para o setor aéreo

Nesta terça-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) apresentará um relatório sobre as investigações que faz do setor aéreo. A previsão é que o ministro Augusto Nardes, responsável pelo caso, indique graves falhas de gestão, comando e falta de investimentos e transparência nos órgãos civis e militares do setor. Os recursos previstos no Orçamento da União teriam sido bloqueados durante os últimos anos, e o que foi liberado teria sido mal aplicado. O Ministério da Defesa nega.

Já o relatório preliminar da Polícia Federal sobre as causas do acidente com o Boeing da Gol, que matou 154 pessoas, deve indiciar os dois pilotos do Legacy e os controladores que estavam de plantão em Brasília e em São José dos Campos no dia da tragédia, 29 de setembro. Como os controladores são militares, a PF ainda vai consultar o juiz do caso para saber qual o melhor caminho para fazer isso.