A Justiça federal decidiu soltar o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, laranja do doleiro Alberto Youssef em uma empresa no Brasil e duas nos Estados Unidos, após ele ter feito um acordo de delação premiada com procuradores, no qual prometeu contar o que sabe em troca de uma pena menor.
Ele ficou preso durante seis meses. O juiz federal Sergio Moro decidiu soltá-lo na última sexta-feira (12).
Pereira da Costa fez uma série de revelações para procuradores da força-tarefa que acompanha a Operação Lava Jato, entre as quais a de que o doleiro deu de presente um helicóptero para o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) no valor de R$ 796 mil. Foi ele também que contou que o banco americano Merrill Lynch ajudou a internar US$ 3,5 milhões que Youssef mantinha ilegalmente nos Estados Unidos por meio da simulação de um empréstimo em 2008.As duas informações do advogado foram reveladas pela Folha de S.Paulo na última semana.
Pereira da Costa foi preso em 17 de março pela Operação Lava Jato, sob acusação de integrar uma quadrilha liderada pelo doleiro, a qual seria responsável pela lavagem de R$ 10 bilhões.
Ele afirmou na delação que uma série de contratos de consultoria entre grandes empreiteiras e empresas de fachada do doleiro eram falsos -só serviam para "justificar o ingresso de recurso" nessas empresas.
"A GFD não prestava esses serviços", disse, referindo-se a uma empresa do doleiro da qual ele era representante e assinava todos os documentos.
A Polícia Federal e os procuradores sustentam que os contratos de consultoria do doleiro eram uma forma de ele receber legalmente recursos das empreiteiras que depois foram usados para o pagamento de propina.
Ele citou o nomes das empresas Mendes Junior, UTC Constran e Sanko Sider entre as que assinaram contratos de consultoria que nunca foram prestados. As empresas negam que tenham assinados contratos falsos e dizem respeitar a legislação.
Ele contou aos procuradores que o doleiro cuidou da lavagem da propina paga ao deputado federal José Janene (PP-PR) no mensalão. Janene, morto em 2010, foi condenado no mensalão por ter recebido R$ 4,1 milhão do esquema do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, dos quais R$ 618 mil foram lavados por Youssef, ainda de acordo com denúncia do Ministério Público já aceita pela Justiça.
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