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| Foto: Pedro França/Agência Senado

Depois de uma manhã tumultuada no plenário do Senado, onde se analisa o processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff, os parlamentares favoráveis ao afastamento definitivo da petista adotaram a estratégia do “silêncio”.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi quem anunciou a retirada das inscrições de parlamentares. “Agradeço aos senadores que abriram mão do espaço”, disse ele.

A ideia da oposição nesta sexta-feira (26) é acelerar o processo. “Todas essas pessoas já falaram durante os trabalhos da Comissão Especial do Impeachment. Isso aqui é repetitivo, inócuo. Vamos tentar abreviar sim”, explicou o senador José Agripino (DEM-RN). Reunidos durante o intervalo, aliados da presidente Dilma também combinaram que a intenção agora é tentar baixar a temperatura do plenário.

Um grande bate-boca na parte da manhã da sessão provocou a antecipação do intervalo do almoço. A ideia era levar os trabalhos até as 13 horas, para um intervalo de almoço, de uma hora. Com a confusão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, antecipou a pausa, suspendendo os trabalhos pouco depois das 11 horas. A sessão foi retomada pouco depois das 14 horas.

O economista Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo está sendo interrogado pelos senadores. A pedido da própria defesa da presidente Dilma, Belluzzo está sendo ouvido na condição de “informante”, e não “testemunha de defesa”. O objetivo é evitar polêmica com a oposição, que poderia alegar “suspeição” do convidado.

Gleisi x Renan

Pivô da confusão que marcou o segundo dia de julgamento, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse à imprensa que não se arrepende de ter dito, na quinta-feira (25), que a Casa não tinha “moral” para julgar a presidente Dilma.

“Uma parte grande dos senadores está respondendo a processos, inclusive eu. Eu também não posso julgar ninguém. Como é que eu vou dizer que ela [Dilma Rousseff] é criminosa se não tem crime? Esse processo é uma fraude”, afirmou a petista.

Gleisi se pronuncia sobre primeiras polêmicas do julgamento final do impeachment

Senadora conversou com a imprensa no início da tarde desta sexta (26) e disse manter o argumento de que o Senado não tem moral para julgar a presidente afastada Dilma Rousseff.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que entrou no embate com a senadora do Paraná, não quis dar entrevista à imprensa, mas divulgou uma nota para explicar a declaração na qual sugeriu que ele teria sido o responsável por livrar Gleisi Hoffmann do indiciamento da Polícia Federal.

“As referências feitas (...) são alusivas a duas petições protocoladas pela Mesa Diretora da Instituição [Senado] perante o Supremo Tribunal Federal. Trata-se de manifestação pública e institucional decorrente da operação de busca e apreensão realizada no imóvel funcional ocupado pela senadora Gleisi Hoffmann e do indiciamento da senadora pela Polícia Federal”, escreveu ele.

A explicação ocorre porque a declaração do presidente do Senado criou polêmica na Casa. Parlamentares saíram do plenário no final da manhã dizendo que “não entenderam” a frase. Já a senadora do PT disse que Renan não havia “a ajudado” em nada e que achava que o presidente do Senado se referia às petições feitas pela Casa ao STF.

Gleisi também disse que ainda não conversou com Renan depois do episódio, mas amenizou a situação: “Depois eu vou falar com ele. Está todo mundo nervoso”.

Já os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Kátia Abreu (PMDB-TO) avaliaram que Renan “passou dos limites”. “Se a Casa é um hospício, como ele disse, então ele é o doido maior”, disseram os três parlamentares em entrevistas à imprensa durante o intervalo da sessão.

“Animosidade” não impedirá vinda de Dilma, dizem aliados

Aliados da presidente da República Dilma Rousseff garantem que a petista não recuará no compromisso de ir pessoalmente ao Senado, na segunda-feira (29), para ser interrogada pelos políticos, apesar do clima de animosidade dos dois primeiros dias do julgamento.

Desde a manhã de quinta-feira (25), quando o julgamento da presidente Dilma por crime de responsabilidade foi iniciado, senadores têm protagonizado embates acalorados no plenário. “Ela vem sim e vai olhar no olho de cada um aqui”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O advogado da petista, José Eduardo Cardozo, também negou qualquer recuo. “Ela tem direito a prestar o seu depoimento e o fará. O que acontecerá, como os senadores vão arguir, não é uma questão dela. Ela é chefe de Estado e como tal deve ser tratada”, disse ele.

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