Nas últimas semanas, a Operação Lava Jato atingiu níveis de tensão até então inéditos. No início de março, vazou a suposta delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Nela, ele teria acusado a presidente Dilma Rousseff de tentar interferir politicamente na investigação e de que ela teria conhecimento das irregularidades na compra da refinaria de Pasadena. No dia seguinte, o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente a depor pela Polícia Federal.
No pior momento, Dilma enfrenta nova manifestação contra o seu governo
Leia a matéria completaAs manifestações já estavam marcadas bem antes disso, mas as novas revelações podem potencializar a dimensão dos protestos. O cientista político Alberto Carlos Almeida, do instituto Análise, comparou o número de pesquisas de palavras-chave no Google nas datas anteriores às manifestações anteriores e às de agora.
De acordo com ele, palavras-chave como “impeachment” tiveram um desempenho significativamente pior agora – o que, em tese, indicaria manifestações menores. Entretanto, buscas por “lava jato” cresceram significativamente. Isso significa que ainda é cedo para dimensionar o tamanho dos protestos, mas que certamente a Lava Jato terá um papel importante em mobilizar as massas.
Para o cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter, as revelações não devem mudar o perfil do manifestante. Porém, podem “reanimar” pessoas que se opõem ao governo, mas relutam em se engajar em um protesto público. “O engajamento das pessoas oscila, estamos falando aqui de movimentos muito voláteis”, afirma.
Desconfiança
Apesar disso, Costa afirma que a condução coercitiva de Lula produz desconfiança de segmentos do eleitorado antes favoráveis – ou não tão contrários – ao governo, especialmente de classes mais baixas. “Este eleitor fica chocado com o envolvimento de Lula, mas ele não sente que [a manifestação] é uma coisa dele, e sim que é de outras pessoas”, afirma.
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