Um dia depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter decidido dar continuidade a uma investigação sobre a campanha de Dilma Rousseff no ano passado, em uma atitude inédita, a presidente voltou a defender sua eleição e reafirmou que, qualquer tentativa de se chegar ao poder que não seja por meio do voto, é golpe.
Em entrevistas a rádios locais em Barreiras (750 km de Salvador), onde desembarca na tarde desta quarta-feira (7) para a entrega de 2.781 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidente evitou responder sobre a apreciação de suas contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que deve ocorrer nesta tarde.
Durante a entrevista, Dilma não citou especificamente o TSE nem o PSDB, que move cinco ações no TSE para cassar o mandato da petista. Porém, declarou que é um desserviço para a democracia tentar encurtar mandatos de quem foi eleito. “ Temos uma democracia. A base é o voto direto nas urnas. Impossível achar que fazemos um serviço para a democracia tentando métodos para encurtar a chegada ao governo. O único método reconhecido (para chegar ao poder) é o voto direto nas urnas”, declarou. “ Acho que a nossa democracia é forte o suficiente para impedir que variantes golpistas tenham espaço no cenário político brasileiro”, concluiu.
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Leia a matéria completaAlém das ações no TSE que podem resultar na cassação do mandato de Dilma e do vice-presidente Michel Temer, há pedidos de impeachment que tramitam na Câmara dos Deputados. Mas, nesse caso, dizem respeito apenas a Dilma.
Temas polêmicos
Ao ser indagada pelos entrevistadores sobre três episódios políticos que devem concentrar a atenção no governo no dia de hoje - a apreciação de vetos pelo Congresso, a votação das pedaladas fiscais pelo TCU e a ação que o Planalto move no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o TCU não vote as contas de 2014 - Dilma falou apenas sobre os vetos e evitou a polêmica. “Este é um dia importante, mas é como um caminho que estamos trilhando para construir uma solução e atravessar o mais rápido possível esta situação de dificuldades que vivemos. Sabemos que Brasil precisa crescer, melhorar e ter novas oportunidades para as pessoas poderem melhorar de vida” disse.
“Hoje tenho uma ação dupla. No Congresso, o que vai ser apreciado são vetos que coloquei em algumas leis, impedindo que haja aumento de gastos neste momento que precisamos conter as despesas. Ao mesmo tempo, vou inaugurar casas para as pessoas”, afirmou.
Ela procurou explicar que seu governo está tentando reequilibrar o orçamento, mas também não falou sobre a proposta de recriar a CPMF, o que significa aumento da carga tributária. Em vez disso, preferiu falar de cortes de despesas. “Essa situação reflete bem o desafio que estamos vivendo. Ao mesmo tempo que temos de tomar medidas para reequilibrar nosso orçamento, temos de reduzir a inflação para que o país cresça. Ao mesmo tempo, temos de manter programas sociais e investimentos. Esse é nosso desafio: não voltar para trás, garantir programas sociais”, disse.
Ela disse que seu governo não está parado e enumerou algumas ações na área social, sobretudo na Bahia, que estão em andamento. Dilma também aproveitou para falar do corte de ministérios e de salários de ministros, do vice-presidente e dela mesma.
“Não estamos parados. Estamos fazendo essas duas coisas. De um lado, buscamos resolver nossas despesas. Sexta-feira (2) anunciei uma reforma ministerial, cortei oito ministérios e 30 secretarias nacionais e cortei nossos salários em 10%. A gente tem feito um esforço. E tem dado resultado”, afirmou.
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