O governo do estado de São Paulo transferiu anteontem 26 chefes da facção criminosa que estavam na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Pontal do Paranapanema, para o presídio de Lavínia. Os dois municípios ficam na região oeste de São Paulo. A transferência de chefes da organização era uma das exigências da facção para que os atentados e ações criminosas nos últimos dias no estado cessassem. Outra das exigências que começaram a ser atendidas foi a retirada dos presos do presídio de Araraquara.
Na P-2 de Presidente Venceslau os presos sofrem uma série de restrições para o banho de sol e as visitas. O banho de sol só é liberado uma hora por dia e, mesmo assim, os detentos têm autorização apenas para sair em grupos, com a liberação de um pavilhão por vez. A unidade tem seis pavilhões. Além disso, na P-2 os presos só podem receber visitas nas celas, com duração máxima de duas horas, nos fins de semana.
Já no presídio em Lavínia, onde o regime disciplinar é comum, o banho de sol dura sete horas por dia, entre os períodos da manhã e da tarde. As visitas em Lavínia também só ocorrem nos fins de semana, mas duram o dia todo e ainda podem ser feitas no pavilhão, ou seja, não ficam restritas apenas às celas, como se dá na P-2 de Presidente Venceslau.
Transferidos não seriam chefes
A Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste do Estado (Croeste) descartou ontem relação entre a remoção dos presos para Lavínia e um suposto acordo do governo com o crime organizado para cessar a nova onda de ataques em São Paulo desencadeada na última terça-feira à noite. Também negou que a transferência tenha sido uma exigência dos presos.
Segundo a Croeste, o pedido oficial de remoção partiu da própria direção da P-2 de Presidente Venceslau e foi feito antes do início da mais recente onda de atentados.
A Coordenadoria explicou que os 26 presos levados para Lavínia, após uma avaliação feita na P-2, não foram identificados como chefes do crime organizado. Por isso, seguiram para o regime comum. Em maio deste ano, a transferência de 800 presos considerados chefes da facção criminosa para a P-2 de Presidente Venceslau, numa tentativa do governo paulista de isolá-los por 30 dias na mesma unidade, foi o estopim da série de atentados e rebeliões. Hoje, a P-2 abriga 441 homens e tem uma capacidade para receber até 1.248. Cada cela tem, no máximo, três presos.
De acordo com a Croeste, a P-2 recebe presos a pedido de outras penitenciárias que os identificam como chefes do crime organizado. A direção da unidade avalia se os detentos são ou não chefes de facções. Se a P-2 identifica que o preso não tem ascendência sobre os outros, ele é removido para outro local. A P-2 é considerada uma unidade de perfil, ou seja, destinada apenas a homens que chefiam a massa carcerária. São pessoas que conseguem manipular e exercer influência negativa sobre outros presos.
Interatividade I
Você se sente seguro como cidadão com o atual sistema prisional e de segurança brasileiro?
Interatividade II
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião