Casos de corrupção envolvendo funcionários de segundo escalão da Petrobras, como Pedro Barusco, apresentavam "maior fluxo de dinheiro", de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Para a procuradoria, corromper um servidor de baixo escalão é "mais fácil" do que os de chefia e também seria igualmente útil para abrir portas dentro de órgãos públicos.
"Às vezes é melhor subornar o porteiro do que comprar o gerente do cinema para entrar e ver o filme", resumiu à Gazeta do Povo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que compõe a força-tarefa que investiga a Lava Jato.
Segundo o procurador, o ex-gerente recebia propina "há muito mais tempo" que os demais investigados, e "de muitas fontes diversas".
Seria por este motivo que Barusco terá que devolver aos cofres públicos um valor bem maior que os outros delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, apontados como pivôs do escândalo da Lava Jato.
Barusco se comprometeu a devolver US$ 67,5 milhões, o que equivale a cerca de R$ 185 milhões. É quase o triplo dos valores que serão retornados por Youssef (R$ 55 milhões) e Costa (R$ 63 milhões).
Como o suborno do "baixo clero" das estatais envolve uma quantidade de dinheiro que pode ser até maior do que os casos que envolvem diretores, o MPF começou a investigar, em separado, as suspeitas que caem sobre o segundo escalão.
"Não é necessariamente todo o esquema que passa por diretoria. Existem vários esquemas que passam por níveis intermediários, e são corrupção do mesmo jeito", disse o procurador Deltan Dallagnol.
Até agora, as investigações se concentraram em diretores da estatal, como Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços). Há indícios, porém, de que outros esquemas de corrupção, para além do desbaratado pela Lava Jato, ocorriam por debaixo do pano nos círculos de menos prestígio.
No depoimento de delação, divulgado nesta quinta-feira (5), Barusco afirmou que começou a receber propina em "1997 ou 1998", durante o governo Fernando Henrique Cardoso, da empresa holandesa SBM, que mantinha contratos com a Petrobras. Ele diz que recebia entre US$ 25 mil e US$ 50 mil por mês.
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