Ex-diretor foi solto por ordem do STF
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque foi preso por ordem do juiz federal Sergio Moro e solto por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, em 3 de dezembro do ano passado. Ele havia sido preso 19 dias antes, em 14 de novembro.
Segundo o ministro, não havia nenhum fato concreto que justificasse a prisão de Duque. O fato de o ex-diretor da Petrobras ter contas ilegais no exterior não eram motivo suficiente para ficar detido, de acordo com o ministro.
Na última semana sexta-feira (30), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu um parecer favorável para que Duque seja preso novamente. O parecer com o novo pedido de prisão foi enviado ao ministro Teori Zavascki, responsável por julgar no Supremo as questões da Lava jato.
O advogado de Duque, Renato Moraes, diz que seu cliente nega que tenha recebido qualquer recurso ilegal de Barusco ou de empresas contratadas pela Petrobras. "O Renato está indignado. Ele achou absurdas as referências feitas a ele na delação de Barusco. Percebo que há um direcionamento político nas delações para atingir o PT", afirma o advogado.As empreiteiras citadas por Barusco negam enfaticamente que tenham pago suborno para obter contratos na Petrobras.
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O ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, recebia propina dentro da sede da estatal, segundo declarações de Pedro Barusco, que era gerente dessa mesma área. Barusco disse no acordo de delação premiada que fez com procuradores da operação Lava Jato que ele próprio entregou recursos de suborno a Duque dentro da estatal.
PT recebeu R$ 200 milhões em propina, diz delator
O ex-gerente afirma que ele recebeu por Duque cerca de US$ 40 milhões entre 2003 e o fim de 2011 em contas no exterior. Barusco relata que também recebia propinas em reais, pagas mensalmente entre 2005 e 2011, em valores que somam entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões.
Ainda de acordo com Barusco, os montantes em reais eram entregues a Duque dentro da diretoria de Serviços.
O ex-diretor de Serviços foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu e ocupou o posto entre 2003 e 2011, nos governos de Lula e de Dilma Rousseff. Duque negou em inúmeras ocasiões que José Dirceu tenha sido o seu padrinho na estatal.
O delator conta que havia vários caminhos para que o suborno chegasse aos diretores da Petrobras. Segundo ele, um dos operadores do suborno, Shinko Nakandakari, "entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Softel e Caesar Park, onde tomavam um drink ou jantavam".
Ainda segundo ele, Shinko entregava a propina em nome de Galvão Engenharia, EIT e Contreiras.
O delator afirmou que ia na casa de outro repassador de suborno, Mario Goes, para pegar "umas mochilas com valores", que variavam de R$ 300 mil a R$ 400 mil. Goes, afirmou, pagava propina em nome as seguintes empresas: UTC, MPE, OAS, Mendes Junior, Andrade Gutierrez, Schain, Carioca e Bueno Engenharia.
Caixa
Barusco disse que guardava o dinheiro em uma caixa em sua casa, "que era usado para pagamento de despesas pessoais e para fazer repasses a Renato Duque".
De acordo com o ex-gerente, até presidentes de empreiteiras faziam pagamento de suborno sem usar intermediários. Ele cita o presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Collares, como um dos "agia diretamente como operador no pagamento de propinas". O dono da GDK, César Oliveira, também agia dessa forma, ainda de acordo com Barusco.
Em 2005, a apuração sobre o mensalão descobriu que a GDK dera um jipe Land Rover, avaliado à época em cerca de R$ 70 mil, a Silvio Pereira, secretário-geral do PT naquela época. A empresa passa por dificuldades econômicas e está em recuperação judicial desde 2013.
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