O retorno de Fernando Ribas Carli Filho ao cenário político, cogitado pelo pai dele, Fernando Ribas Carli, durante uma entrevista coletiva, deve se complicar nos próximos dias. O presidente estadual do PSB, Severino Araújo, prometeu em entrevista à Gazeta do Povo nesta quarta-feira (24) a assinar na semana que vem o documento com a expulsão formal do ex-deputado, apontado como o responsável por uma colisão de trânsito que matou dois jovens no mês passado.
Araújo confirma que Fernando Ribas Carli Filho pediu sua desfiliação do Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda pelo qual foi eleito deputado estadual em 2007 no dia 29 de maio. O documento foi enviado ao diretório municipal do partido em Guarapuava, na região central do estado, onde ele estava inscrito. O presidente do partido, no entanto, afirma que o fax mandado não tinha nada que comprovasse a autenticidade do texto. O processo de expulsão do partido prosseguiu, segundo Araújo.
Depois do recebimento desse texto, Araújo diz ter mandado nova notificação sobre o processo de expulsão, dando a oportunidade de Carli Filho argumentar por mais alguns dias. O prazo para ele se manifestar ao Conselho de Ética do partido expirou no dia 19 deste mês. Araújo promete assinar o documento de desfiliação na semana que vem. "Só não assino hoje [24] porque estou em viagem. Ele está expulso", afirmou. O site pessoal de Carli Filho ainda exibia a logomarca do PSB às 20h desta quarta-feira.
Com a expulsão, ao invés da renúncia, Carli Filho perde capital político - é a mesma diferença de um empregado pedir demissão e ser demitido. Isso pode dificultar a entrada dele em outros partidos. Ao PSB ele só poderá voltar com a anuência da executiva nacional do partido.
No mesmo dia em que pediu para sair do PSB, Carli Filho renunciou ao cargo de deputado para evitar o processo de cassação. Se fosse condenado na condição de deputado, a Justiça poderia impedi-lo de se candidatar a qualquer cargo eletivo por alguns anos, variáveis de acordo com a sentença.
Família Yared promete campanha contra a volta de Carli Filho à política
O pai de Carli Filho e prefeito de Guarapuava, Fernando Ribas Carli, não descartou a possibilidade do ex-deputado voltar ao cenário político durante uma entrevista coletiva dada na terça-feira (23). "Eu não diria que acabou se ele tem 26 anos. Por que acabou? Se ele teve um acidente, vamos aguardar o resultado do inquérito e depois o processo. Se estivéssemos pensando em política, no cargo dele, ele não teria renunciado. Nós não estamos pensando em campanha, não estamos pensando em política. Na verdade, a tragédia causou só uma interrupção na carreira que ele iniciou que foi brilhante", disse o prefeito.
A família de Gilmar Rafael Yared, um dos jovens que morreram no acidente provocado por Carli Filho no dia 7 de maio em Curitiba, se disseram indignados com as declarações feitas pelo pai do ex-deputado. Os familiares prometeram fazer um campanha contra a volta de Carli Filho à política, caso ela realmente se concretize. O advogado da família, Elias Mattar Assad, exaltou a atitude do presidente do PSB em expulsar o acusado.
Do acidente à renúncia
O acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
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