O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus, leu na sessão plenária desta segunda-feira (1º) a carta de renúncia do agora ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, suspeito de ter provocado um acidente de trânsito que resultou na morte de dois jovens no mês passado. Após a leitura, outros deputados usaram a tribuna para elogiar o ex-colega, entre eles Plauto Miró (DEM), tio de Carli Filho.
O pedido oficial de renúncia foi encaminhado a Justus na sexta-feira (29), dia em que se encerrava o prazo para a apresentação da defesa de Carli Filho junto à Corregedoria-Geral da Casa, na sindicância aberta pelo corregedor-geral, deputado Luiz Accorsi (PSDB), e pela Mesa Executiva, no último dia 18 de maio. O documento de renúncia foi entregue pelo advogado do parlamentar, Roberto Brzezinski. O deputado também se desfiliou do PSB na mesma data.
Segundo reproduções do site da Assembleia, os deputados aproveitaram para enaltecer o trabalho do ex-companheiro, que dirigia embriagado e em alta velocidade no momento do acidente. Logo depois da leitura da carta de renúncia, Plauto Miró, que se nega a falar com a imprensa sobre o caso, usou a tribuna para se manifestar. "Ele [Carli Filho] deixa seu cargo, longe de qualquer privilégio, para ser julgado na justiça comum. Sabemos da gravidade do acidente que vitimou dois rapazes e vitimou três famílias, mas não há nenhum registro que desabone sua trajetória", disse.
"Carli foi um parlamentar responsável, uma pessoa que se dedicou à tarefa de ser legislador. Era um jovem assíduo que lia, estudava e se esforçava", disse o líder da bancada governista, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). Romanelli, que certa vez ultrapassou cancelas em postos de pedágios sem pagar (http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/parana/conteudo.phtml?tl=1&id=732933&tit=Deputado-do-PR-passa-sem-pagar-em-tres-pedagios-e-e-parado-pela-policia), disse que o acidente poderia ter acontecido com "qualquer pessoa".
Durval Amaral (DEM) e Artagão Júnior (PMDB) também registraram a amizade que têm com Carli Filho.
Consciente
A única manifestação pública do ex-parlamentar foi a carta de renúncia. O acidente, que ocorreu na madrugada de 7 de maio, matou Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida e deixou o então parlamentar em estado grave no hospital. De acordo com informações dadas nesta segunda-feira pela assessoria de imprensa do hospital paulista Albert Einstein, Carli Filho está em um leito comum e consciente, mas não há previsão de alta.
Análise do Instituto Médico Legal aponta que Carli Filho estava bêbado na hora do acidente. Reportagem da Gazeta do Povo revelou que o deputado estava com a carteira de motorista suspensa com várias multas de trânsito - a maioria delas por excesso de velocidade.
Políticos com carteiras suspensas
A fatalidade desencadeou uma série de fatos. Entre eles, a descoberta de que 26 deputados estaduais receberam notificação de suspensão de carteira.
A Secretária Estadual de Segurança Pública (Sesp) determinou a entrega da carteira nacional de habilitação (CNH) suspensa às autoridades de trânsito em 48 horas, sob ameaça de prisão. Pelos levantamentos feitos pelo Detran, haviam sido entregues 2.342 habilitações em todo Estado - 747 só nesta segunda-feira. Quem receber a notificação e não entregar a CNH em 48 horas, poderá ser indiciado pelo crime de desobediência. No fim de semana passado, a polícia começou a visitar pessoas que não devolveram a carteira de habilitação, inclusive políticos, e o governo avisou que colocará na internet a relação de quem estiver com a carteira suspensa.
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