Em seis dias o Rio de Janeiro teve nove policiais militares assassinados, três em serviço. E agora informações que levem ao paradeiros dos assassinos de PMs vão valer recompensa de R$ 2 mil. O prêmio é oferecido pelo Clube dos Soldados e Cabos da PM, que espalhou 50 cartazes em ônibus para obter o apoio da população. Os anúncios foram colocados no início da semana e durarão um mês.
Em entrevista à Rádio CBN na manhã desta quarta-feira, o presidente do Clube dos Soldados, Jorge Lobão, disse que a medida foi adotada porque as autoridades não tomam providências.
- É um recurso diante da morosidade das autoridades - explicou.
A morte mais recente de policial militar ocorreu na noite de terça-feira. O terceiro-sargento Hélio Ricardo Porto Valentino foi vítima de um assalto quando dirigia seu carro particular na Pavuna, Zona Oeste. Quando foi rendido, ele ainda escondeu a pistola embaixo do banco do motorista, para evitar ser reconhecido como policial. Mas a farda dobrada no banco traseiro acabou denunciando sua condição. Testemunhas contaram terem ouvido os bandidos gritando: "Mata, mata, que é polícia!". O corpo do sargento será sepultado na tarde desta quarta no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
Na terça houve mais outro enterro de policial militar morto por bandidos. O capitão Paulo César Silva dos Santos Lima, de 34 anos, reagiu a um assalto porque, provavelmente, temia ser reconhecido como PM e executado. Ele estava fardado, mas dirigia seu próprio carro, de volta para casa.
Campanha já foi feita antes
É a segunda vez que os policiais promovem este tipo de campanha, com recompensa por informações sobre assassinos de PMs. Segundo o presidente do Clube dos Soldados, no ano passado a entidade ofereceu R$ 1 mil por informação e recebeu denúncias que levaram à prisão de três bandidos.
- A impunidade tem sido o estímulo para que essas ocorrências tenham continuidade. Também reclamo muito da morosidade das investigações, do resultado, que não chega nunca. Talvez esse descaso da investigação tenha estimulado os assassinos - diz Lobão.
O comando da Polícia Militar apóia a iniciativa e acredita que nem será preciso o incentivo da recompensa para a população ajudar a achar os assassinos de policiais.
- Nós tivemos o caso João Hélio, a sociedade se comoveu e várias informações foram passadas para que rapidamente os policiais chegassem a aos algozes do João Hélio. Esperamos a mesma comoção da sociedade - apoiou o comandante-geral da PM, Ubiratan Ângelo.
Enterro do policial militar Fábio Luís Gadelha - 9.3.2007. Foto de Márcia Foletto (O Globo) Os enterros de policiais no Rio se transformaram numa triste rotina de dor e revolta. Segundo as estatísticas oficiais, este ano já foram assassinados 29 PMs, sete em combate; em 2006, foram 144 PMs mortos, 25 em combate.
CPI para apurar mortes de policiais
A Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as principais causas da morte de policiais no estado e a situação das famílias dos policiais mortos será instalada nesta quinta-feira, às 14h, na sala 311 do Palácio Tiradentes. O autor da proposta e presidente da comissão é o deputado Coronel Jairo (PSC). Na ocasião, serão eleitos o vice-presidente e o relator da CPI. Compõem a comissão os deputados Paulo Melo (PMDB), Paulo Ramos (PDT), Wagner Montes (PDT), José Nader (PMDB), Inês Pandeló (PT) e Natalino (PFL), como membros efetivos e como suplente o deputado Rodrigo Neves (PT).
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura