Cerveró pode depor hoje na PF sobre a compra de Pasadena
O segundo depoimento do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró à Polícia Federal (PF) pode ocorrer hoje, de acordo com a defesa dele. Segundo o advogado Edson Ribeiro, o assunto tratado será a acusação de prejuízo na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras. Ribeiro virá hoje a Curitiba, onde Cerveró está preso, para conversar com seu cliente na carceragem da Polícia Federal (PF) da capital paranaense. No primeiro depoimento prestado, na semana passada, o ex-diretor falou sobre as movimentações financeiras que resultaram na prisão dele Cerveró é acusado de tentar ocultar patrimônio. Além disso, ele também depôs sobre os contratos da Petrobras com a Samsung Heavy Industries alvos de uma ação penal que corre na Justiça Federal de Curitiba desde dezembro do ano passado. No depoimento anterior, o ex-diretor da Petrobras negou ter cometido qualquer irregularidade. A Polícia Federal ainda não confirma se o depoimento deve mesmo acontecer nesta quarta-feira ou se será marcado para outro dia.
Kelli Kadanus
O ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi apontado na Polícia Federal (PF) por suposto prejuízo proposital em um negócio de exploração de petróleo em Angola, na África. O contrato teria gerado um dispêndio desnecessário de US$ 700 milhões. O caso passou a ser investigado após depoimento prestado sob sigilo por um funcionário de carreira da estatal, no Rio de Janeiro, que procurou os policiais um mês após ser deflagrada a Operação Lava Jato, em março de 2014.
O informante citou o nome de Cerveró preso na sede da PF em Curitiba como um dos responsáveis pelo negócio, que teria contrariado pareceres internos da estatal e gerado prejuízo proposital como forma de desviar recursos públicos. "Um dos projetos que teve como objetivo o prejuízo internacional da Petrobras foi o bloco de exploração em Angola", afirmou o informante em depoimento de quatro horas, realizado no dia 28 de abril de 2014, no Rio de Janeiro.
Segundo o denunciante, quando foi aberto leilão internacional para compra dos direitos de exploração de blocos petrolíferos em Angola, a estatal analisou o negócio. "Diversos pareceres de geólogos da Petrobras foram redigidos analisando o potencial de exploração de cada um deles. Estes pareces apontavam indícios de que a Petrobras não deveria sequer praticar do leilão, pois não havia indícios de lucros ou rentabilidade na exploração de tais áreas."
Com base nesses pareceres, a Petrobras não entrou no leilão. "Alguns anos depois, a Petrobras decidiu comprar 50% dos direitos de exploração destes poços arrematados no leilão pelo mesmo valor que a empresa inicial arrematou a totalidade", diz o informante no depoimento.
A empresa vencedora teria pago US$ 500 milhões pelo negócio na época do leilão. O custo de 50% do direito aos blocos, no entanto, custou à Petrobras "exatamente a mesma quantia paga anos antes por 100% dos direitos" US$ 500 milhões. "Existem indícios de que o dinheiro repassado à ganhadora do leilão foi uma forma de desviá-lo da Petrobras e sugere que se investigue se houve retorno deste capital ao Brasil ou a contas controladas pelo envolvidos, no exterior", registra a PF, em documento anexado em novembro aos autos da Lava Jato. Segundo a denúncia, três poços foram perfurados, mas estavam vazios.
Outro lado
A defesa de Nestor Cerveró nega o envolvimento dele em qualquer irregularidade no negócio de Angola.
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