Somando-se as penas, passa de um milênio o tempo de prisão que terão de cumprir 42 réus condenados pelo juiz Juliano Nanuncio, da 3.ª Vara Criminal de Londrina, encarregado de julgar em primeira instância os acusados de participação no esquema de corrupção revelado pela Operação Publicano. O Gaeco, que conduziu o inquérito, apurou desvios da ordem de R$ 1 bilhão na Receita Estadual.
É de quase um século a condenação de apenas um dos réus: o ex-inspetor-geral Márcio de Albuquerque Lima, ex-companheiro de equipe de Beto Richa em provas automobilísticas, pegou 97 anos de prisão. A pena aplicada à mulher dele, a auditora fiscal Ana Paula Pelizari Lima, foi pouco menor: 76 anos e sete meses.
Numa das primeiras “fornadas” de condenações proferidas por Nanuncio, o condenado mais notório foi Luiz Abi Antoun, primo distante do governador. Acusado de ser mentor de um esquema de fraude em licitações para manutenção mecânica da frota do estado, Luiz Abi pegou 13 anos.
A implicação de amigos e parentes tem trazido constrangimentos para Richa. Dada a proximidade com os envolvidos mais graúdos – um dos quais afirmando que os recursos obtidos ilegalmente serviam para abastecer suas campanhas políticas –, o governador acabou sendo vítima também de diligências autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ato do ministro João Otávio Noronha.
A acusação quanto ao suposto favorecimento a Richa partiu do principal delator, o auditor Luiz Antonio de Souza, condenado a 49 anos depois de descumprir os termos de sua colaboração. Mesmo preso, ele continuava a delinquir, segundo acusou a força-tarefa da Operação Publicano. Luiz Antonio foi demitido do serviço público – destino que, por certo, aguarda outros 14 servidores que participavam do esquema e também condenados na “fornada” anunciada quinta-feira (14).
Claro, as condenações em primeira instância não são definitivas. Os réus ainda podem recorrer e, no caso, a ação penal cairá na 2.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça – a mesma encarregada de julgar outros rumorosos processos, dentre os quais o da Operação Quadro Negro, aquela dos desvios de R$ 30 milhões da educação e que também envolve esportista amador amigo próximo do governador.
Recíproca
O senador Alvaro Dias (PV) não teve dúvidas em afirmar que apoiará seu irmão, Osmar Dias (PDT), na campanha para o governo estadual em 2018. A recíproca é verdadeira, esclarece fraternalmente o ex-senador Osmar. Ele inclui entre as condicionantes para a formação de alianças em torno de sua campanha a liberdade para apoiar Alvaro na disputa pela presidência da República, ainda que seu próprio partido, o PDT, lance candidato próprio. E até já comunicou esta decisão ao presidenciável Ciro Gomes.
Fervura
O ambiente ferve no Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc). O Ministério Público Estadual ouviu e já reuniu provas que apontam para desvio de verbas, enriquecimento ilícito, nepotismo, dilapidação de patrimônio e outras irregularidades durante a atual gestão do sindicato. Um vereador reeleito pelo PSC, que exerce cargo na diretoria do Sindimoc, é um dos indiciados.
Assim caminha...
Câmara de Foz do Iguaçu mudou de endereço: 14 dos 15 vereadores da cidade transferiram seus “gabinetes” para a cadeia, para onde foram levados após investigações da Polícia Federal que os apontaram como beneficiários de “mensalinhos” distribuídos pelo (também preso) prefeito Reni Pereira. Enquanto isso, com um só vereador titular ainda na ativa, Foz se prepara para nova eleição de prefeito: o vencedor em outubro passado foi o ex-prefeito (dois mandatos) Paulo MacDonald, mas que por decisão do TSE não poderá assumir. Foi acusado de improbidade por ter atendido a uma exigência do cartunista Ziraldo (Menino Maluquinho) de aumentar de R$ 150 mil para R$ 200 mil o valor de um contrato com o município. Ziraldo foi absolvido; vários dos vereadores “mensalistas” foram reeleitos. Assim caminha a humanidade