Durante anos, desde os tempos do governo Jaime Lerner passando pelos oito de Roberto Requião, deputados repetiram discursos na Assembleia Legislativa exigindo do Executivo, em caráter urgente, um projeto de criação da Defensoria Pública no Paraná estrutura oficial prevista na Constituição Federal destinada a prestar assistência jurídica gratuita a pessoas que não podem pagar advogados particulares para defender suas causas.
Trata-se de uma medida importante sob vários pontos de vista. Primeiro, porque é destinada a proteger os direitos humanos. Segundo, porque embora custe caro aos cofres públicos, de outro lado representa uma grande economia. É que, entre os principais beneficiários da Defensoria estão os presos que superlotam presídios e cadeias públicas que só estão atrás das grades porque não há quem se ocupe dos processos judiciais em que estão envolvidos.
A situação do Paraná é uma das mais graves do país, segundo reconhece levantamento recente feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No Brasil, há hoje 500 mil presos, dos quais 45% na condição de provisórios isto é, aqueles que aguardam na prisão o julgamento de seus processos. O Paraná é o terceiro colocado no ranking nacional, vindo atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. Só nas precárias delegacias paranaenses mofam (muitos há anos) cerca de 15 mil "provisórios", inocentes em boa parte dos casos.
Pois bem: o governador Orlando Pessuti resolveu que poderia apressar a solução desse problema e enviou à Assembleia no último dia 19 um projeto de lei criando a Defensoria Pública. Os deputados que são de oposição agora, mas que se preparam para ser de situação a partir do ano que vem, não gostaram.
Acham que este é um assunto que não deve ser tratado por um governador em fim de mandato, mas pelo próximo. Nas palavras do atual líder da oposição, deputado Élio Rusch: "As luzes estão se apagando, mas o governo Pessuti quer continuar a festa. É preciso dar um basta na onda de projetos que chegam à Assembleia e que dizem respeito à nova administração do governador eleito Beto Richa".
É de se pensar: já não há mais urgência na criação da Defensoria? Pobres que precisam de assistência podem esperar que as providências só sejam iniciadas dentro de mais alguns meses (ou anos)? A superlotação das cadeias passou a ser um problema cuja solução pode continuar sendo adiada?
* * * * *
Olho vivo
Perigo na rua 1
Em 2006, para reagir às críticas de que faltavam policiais militares nas ruas, o então governador e candidato à reeleição Roberto Requião mandou abreviar a formação de recrutas da PM para colocá-los imediatamente em serviço. Sem treinamento suficiente e sem preparo psicológico, o resultado foi desastroso: vários novos soldados improvisados cometeram erros graves, a ponto, até, de matarem um indefeso portador de deficiência mental em Guarapuava entre muitos outros casos registrados na época.
Perigo na rua 2
A lição não foi aprendida. Conforme revelam fontes da Polícia Militar, a corporação recebeu ordens para colocar em serviço a partir de amanhã 1.500 recrutas que só concluíram a metade do treinamento exigido pelas normas. Desse total, 500 só em Curitiba; e, destes 500, 300 para policiar a região central da cidade. Um oficial que não quis se identificar classificou a medida de "irresponsável".
É o fim 1
Esgotadas todas a medidas judiciais cabíveis intentadas pelo deputado Dobrandino da Silva para preservar seu mandato, só falta agora o Ministério Público Estadual comunicar a direção da Assembleia Legislativa de que ela deve declarar que o parlamentar não é mais deputado e, em consequência, convocar seu suplente. A pá de cal no processo de cassação de Dobrandino foi colocada pelo Superior Tribunal Federal (STJ). O acórdão do STJ foi publicado no último dia 19, no qual o ministro Benedito Gonçalves nega seguimento ao derradeiro recurso interposto por Dobrandino.
É o fim 2
Ex-prefeito de Foz do Iguaçu, Dobrandino fora condenado em primeira instância em 1996 por crime de responsabilidade e improbidade administrativa. Desde então, graças a medidas judiciais, pôde continuar na atividade política a ponto de se reeleger duas vezes deputado estadual pelo PMDB. Somente agora, faltando três meses para o término do atual mandato, é que ele se o Ministério Público se apressar poderá perdê-lo. O suplente da legenda é André Pergorer, atual chefe de gabinete do governador Orlando Pessuti.
Lula tenta se aproximar do favorito à presidência da Câmara, mas Hugo Motta quer independência
Maduro fala em usar tropas do Brasil para “libertar” Porto Rico; assista ao Sem Rodeios
Guinada da Meta pode forçar desvio de rota de STF e Lula quanto à censura nas redes
Enquete: você acredita que a censura nas redes sociais vai acabar após a declaração de Zuckerberg?
Deixe sua opinião