Olho vivo

Sentinela

O ex-reitor da UFPR Carlos Moreira será secretário da Saúde de Pessuti? Bastou o boato para que o Sindicato dos Servidores da Saúde Pública se pusesse de sentinela. Contra, naturalmente. E lembra que, como sócio de um hospital que tem convênio com o SUS, Moreira estaria legalmente impedido de assumir a secretaria, órgão gestor do SUS no estado.

Ciranda

O corregedor-adjunto Rogério Coelho foi eleito dia 30 passado para assumir o lugar do corregedor-geral do TJ, o rejuvenescido desembargador Waldemir Rocha. Com isso, fica vaga o cargo de corregedor-adjunto. Haverá eleição dia 12, com três candidatos: João Kopytowski, Noeval de Quadros e Paulo Habith.

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–Alô! Quem fala?

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– Aqui é o Dutra, presidente nacional do PT...

– E aqui é o Osmar Dias, candidato do PDT ao governo do Paraná.

– Oi, Osmar, tudo bem?– Mais ou menos... Tô ligando pra saber se vocês concordaram em colocar a Gleisi na minha chapa como candidata a vice e não ao Senado.

– Não, Osmar, a Gleisi vai pro Senado mesmo. O Lula quer ela lá...

– Ah é? Então, nesse caso, não precisamos fazer a reunião marcada para amanhã, não é mesmo? Se nada mudou, não há razão pra outro encontro. Até outra hora!

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– Então tá. Tchau!

O diálogo é hipotético, mas o telefonema é real e o conteúdo idem. Aconteceu na noite de segunda-feira, véspera do dia em que novamente Osmar Dias, dirigentes do PT e figuras proeminentes do governo Lula se reuniriam para selar – ou não! – a aliança partidária para disputar as eleições no Paraná. A maionese desandou antes e o encontro, que se realizaria no apartamento do senador em Brasília, foi suspenso.

A tristeza da separação invadiu o coração dos dois lados. Se um acordo só é bom quando satisfaz as duas partes, o desacordo, neste caso, parece ter ficado ruim para ambas. Ficou bom para terceiros que nada tinham a ver com o que acontecia na casa alheia – ficou bom para o governador-candidato Orlando Pessuti e melhor ainda para os tucanos Beto Richa e José Serra.

Ambos os lados acenam, ainda, com a pálida possibilidade de reconciliação, muito embora difícil se mantida a mesma condição. Gleisi Hoffmann é o pomo da discórdia: Osmar entende que, sem ela na vice para amarrar a aliança, corre o risco de a meio caminho perder o apoio do PT, mais interessado em fazê-la senadora do que em elegê-lo governador. "Não quero fazer o papel de figurante", diz o senador.

No fundo, o problema vai muito além da questão Gleisi. Trata-se, na interpretação de um líder petista, de uma questão de confiança. "Osmar não confia no compromisso do PT e do presidente Lula de apoiá-lo mesmo sem Gleisi como vice. Nenhuma parceria dá certo se um dos lados desconfia do outro", diz um dos notáveis petistas.

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Os acontecimentos da última semana, porém, não abalaram a disposição do senador Osmar Dias de manter a candidatura ao governo. E garante que a desistência não lhe passa pela cabeça. Fia-se nos 49,9% de eleitores que votaram nele na eleição de 2006, tendo o PT e o presidente Lula apoiando o candidato adversário, Roberto Requião. Considera que, sem o PT, pode trazer para a sua frente partidária, sem maiores traumas, o PPS, o DEM, o PP e o PTB – partidos que bandeavam-se para Beto Richa por refugar o PT.

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Digamos, no entanto, que Osmar Dias acabe se decidindo pela reeleição ao Senado. O que aconteceria?

Teríamos pelo menos três fortes candidatos às duas cadeiras em disputa: o próprio Osmar (PDT), Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT). Qual deles ficaria de fora? As apostas estão na mesa.

E, ainda no caso de a aliança com Osmar naufragar irreversivelmente, com quem ficaria o PT na disputa pelo governo do estado? É quase certo que lançaria candidato próprio, provavelmente a ex-secretária de Ciência e Tecnologia Lygia Pupatto – palanque, todavia, pouco atrativo para Dilma Rousseff. Uma segunda hipótese é restaurar a aliança com o PMDB e apoiar Orlando Pessuti. Situação deveras incômoda, pois teria de carregar junto, além de Gleisi, outro candidato a senador, ninguém menos que o desafeto Roberto Requião.

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Pode acontecer, também, que prevalecendo a ideia da candidatura própria ao governo, o PT – como fez em 2006 – descarregue toda a sua força na candidata ao Senado. Naquele ano Gleisi fez 45% dos votos e ameaçava a reeleição de Alvaro Dias. Em 2010, a ameaça não recairia sobre o enfraquecido ex-governador Roberto Requião?