Olho vivo
Portuárias 1
Amanhã é o dia em que deverão ser abertos os envelopes de quem pretende oferecer à venda para a Appa a tão sonhada draga que vai manter o Porto de Paranaguá permanentemente livre do perigoso assoreamento do seus acessos. As propostas deveriam ter sido conhecidas há três semanas, mas foi adiada para amanhã por um pequeno detalhe: a concorrência é internacional, mas o edital foi publicado só em pequenos jornais do interior do Paraná, onde, presume-se, não há dragas à venda.
Portuárias 2
O Tribunal de Contas observou o estranho detalhe, desconfiou do procedimento e mandou a Appa tornar o edital conhecido também no exterior. Não se sabe se tal exigência foi cumprida, mas o fato é que não há notícas de que a sessão tenha sido novamente suspensa. É possível, pois, que apareça um vendedor de draga com as características exatas definidas pelo edital coisa raríssima no ramo.
Portuárias 3
O governador Roberto Requião colocou mais um percalço na venda já quase concluída do Terminal da Ponta do Félix, de Antonina. Ele anunciou ontem na "escolinha" que pretende que a Appa compre a parte do Previ, um dos sócios do terminal, e assuma a sua administração muito embora a Lei dos Portos determine a privatização total do setor em todo país.
A segurança pública no Paraná vai muito bem, obrigado, segundo o secretário da Segurança Pública. Não era mesmo esperada outra a resposta que o ex-promotor Luiz Fernando Delazari daria aos deputados, e à opinião pública, durante a longa audiência realizada ontem no plenário da Assembleia Legislativa, para debater as causas do crescimento dos índices de criminalidade no estado e a ação de sua pasta para contê-los.
Quem teve a paciência de ouvir o secretário teve a impressão de estar assistindo a um grande espetáculo de realidade virtual pois quase nada coincidiu com o que verdadeiramente se sente nas ruas, se constata pelos números da violência e da evidente ineficiência e ineficácia da área oficial de segurança.
Pelo menos três pontos da fala do secretário, em sua tentativa de eximir o governo estadual da responsabilidade pelo aumento da criminalidade, precisam ficar registrados:
- não é o aumento dos efetivos policiais que assegura o sucesso no combate à violência.
- o geoprocessamento e a inteligência são a varinha mágica de que se utiliza a polícia paranaense para obter tanto sucesso.
- todos os programas da política de segurança colocada em prática pelo governo estadual tornaram-se modelo nacional, elogiadíssimos e adotados Brasil afora.
Delazari mostrou-se impassível diante de questões para as quais tem pouco a dizer. Embora tenha discorrido longamente sobre um suposto aumento dos recursos orçamentários destinados ao setor pelo atual governo nos últimos sete anos, em comparação com os liberados no período dos oito anos do governo Lerner, preferiu falar quase nada sobre a visível defasagem do contingente das polícias Civil e Militar.
Não explicou, por exemplo, porque a Policia Militar, que em 2003 dispunha de 18 mil homens em serviço, hoje tem tão somente 16.700 para uma população bem maior. Para ele, conforme se percebeu em toda a explanação, isso não faz muita diferença quando se trata de combater o crime. Também achou normal que centenas de cidades não contem com um só policial, que um só delegado se encarregue de dezenas de municípios, que as cadeias públicas estejam superlotadas. São questões que, ficou parecendo, não fazem parte das suas preocupações prioritárias e nem estão diretamente ligadas ao ritmo galopante com que o crime avança no Paraná.
Às vezes, na opinião do secretário Delazari, realidades como essa até são demonstrativas da eficiência do aparato de segurança que dirige. Por exemplo: se as cadeias estão superlotadas, é porque a polícia está prendendo mais gente. É o óbvio ululante mas tão ululante quanto o é também o fato de que se há mais tanta gente que precisa ser presa é porque há mais gente metida em atividades criminosas.
Se as prisões já estão lotadas e as taxas de criminalidade ainda assim estão crescendo tanto, conclui-se que a segurança pública está fazendo menos do que suficiente. Então, o que se pode fazer mais? Esta parte faltou na fala do secretário.
Alcolumbre no comando do Senado deve impor fatura mais alta para apoiar pautas de Lula
Zambelli tem mandato cassado e Bolsonaro afirma que ele é o alvo; assista ao Sem Rodeios
Entenda o que acontece com o mandato de Carla Zambelli após cassação no TRE
Sob Lula, número de moradores de rua que ganham mais de meio salário mínimo dispara
Deixe sua opinião