Olho vivo
Relevância 1
A Assembleia aprovou ontem projeto do deputado Eduardo Cheida que tende a resolver parte da irrelevância sob o ponto de vista do interesse público de muitas iniciativas no que chamam de Casa de Leis. O projeto de Cheida é para limitar o exagerado número de deputados declarando de utilidade pública instituições privadas. Como se sabe, a declaração de utilidade pública as habilita a conseguir recursos orçamentários para algumas, um excelente negócio.
Relevância 2
A preocupação de Cheida é pertinente: das 1.455 leis aprovadas nos últimos quatro anos pela Assembleia, nada menos de 673 diziam respeito a declarações de utilidade pública a instituições de caráter local, a grande maioria ou obscuras ou de pouca significação social, como (só para citar um exemplo) a de um clube de amantes do canto de curiós, do interior do estado. Quase metade da produção parlamentar foi dirigida para este fim. Outras 62 leis foram editadas para conceder títulos de cidadania honorária; 63 instituíram datas comemorativas; 89 deram nomes para rodovias, viadutos, colégios...
Inocentes
A CPI da Espionagem concluiu ontem seu relatório. Mostrou que havia grampo nos telefones da Assembleia até o ano passado. Responsáveis? Dois ex-diretores. Todos os deputados que dirigiam a Casa no tempo em que os grampos foram feitos são inocentes; eles de nada sabiam.
Bem que o deputado Ademar Traiano, líder da situação na Assembleia, tentou mas não conseguiu explicar ou convencer sobre as razões que levam o governo a acreditar ter feito um bom negócio ao renegociar o preço das cópias xerográficas que paga à empresa H. Print. Antes, no governo passado, das 3 milhões de cópias/ano cada uma saía por 13 centavos; desde o início do ano, graças à prorrogação renegociada com a mesma empresa, o preço caiu para 11 centavos. A empresa entra com as máquinas; o governo, com o papel.
Na esquina, o consumidor comum, por uma só cópia, paga 10 centavos, papel incluído. As cópias da Assembleia, com equipamentos locados de outra empresa e em número infinitamente menor, sai por 4 centavos a unidade, conforme mostrou ontem o deputado Tadeu Veneri.
Nervoso na tribuna, Traiano respondeu com o argumento de sempre: pôs a culpa no governo passado, quando se praticava "um assalto aos cofres públicos". Neste governo, o estado passou a economizar. O deputado pode ter razão. De fato, pagava-se um absurdo, inexplicável, estranhíssimo agora, o absurdo apenas mudou para tamanho pouco menor. Mas adiantou: uma nova licitação, ainda em fase de esboço, deve reduzir o preço para 7 centavos mesmo assim, valor superior ao que a Assembleia pagará quando Traiano mandar fazer um xerox do discurso de ontem.
Fala-se aqui em centavos, o que pode parecer ninharia. Multipliquem-se, no entanto, os centavos (gastos a mais ou economizados) pelos milhões de cópias e se vai ter a dimensão de um problema que, ainda que herdado, está sendo mal enfrentado.
Bate-chapa na Fiep
Os fatos confirmaram informações antecipadas ontem por esta coluna de que o empresário Carlos Walter Martins retiraria sua intenção de concorrer à presidência da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em oposição à atual diretoria, presidida há duas gestões pelo industrial Rodrigo Rocha Loures. Carlos Walter, que já estava com chapa completa para disputar a eleição do próximo dia 3 de agosto, preferiu aderir à chapa situacionista, encabeçada por Edson Campagnolo.
A decisão de Carlos Walter facilita, no entanto, a pretensão do ex-deputado Ricardo Barros de manter a própria candidatura, também de oposição. Segundo ele, pelo menos 20 integrantes da chapa que foi desfeita passarão a compor a sua. Entretanto, Barros esclareceu ontem à coluna que continuará ao mesmo tempo trabalhando para construir o consenso em torno de uma só chapa isto é, uma em que situação e oposição possam se harmonizar. "Caso isso não seja possível, vou inscrever minha chapa dentro do prazo, isto é, até sexta-feira [amanhã]", informou, confiante.
Ricardo Barros disse, ainda, que, embora seja secretário (agora licenciado) da Indústria e Comércio de Beto Richa, não há nenhuma vinculação entre sua iniciativa de participar da eleição da Fiep com eventual interesse do governo em assumir, indiretamente, o comando da entidade empresarial. Acrescentou: "Muito antes de ser secretário, eu já era vice-presidente da Fiep, na atual diretoria, e, portanto, tenho legitimidade de concorrer, sem precisar me valer da condição de político ou de secretário".
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