Discretamente, um deputado continua percorrendo gabinetes da Assembleia Legislativa em busca de adesões a uma Proposta de Emenda Constitucio­­­nal (PEC) que proíbe a reeleição de presidentes da Casa. Há controvérsias quanto ao número de signatários – uns dizem que apenas oito parlamentares teriam apoiado o requerimento até agora; outros juram que já seriam 35 as assinaturas – faltando, portanto, apenas uma para completar os dois terços dos 54 deputados para a PEC iniciar o trâmite para sua votação.

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Embora justificada com nobres argumentos contra o instituto da reeleição, a PEC tem endereço certo: impedir a recondução para mais um período do atual presidente, o deputado Valdir Rossoni. A se admitir que o requerimento de fato alcance o número necessário de assinaturas, vai se configurar um único corolário: a maioria dos deputados parece mais inclinada a devolver a Assembleia aos seus velhos tempos.

A insatisfação dos parlamentares contra a administração de Rossoni cresceu desde o fim do ano passado quando, de uma penada, o presidente extinguiu o pagamento do 14.º e 15.º salários, privilégio que lhes renderiam incompreensíveis R$ 40 mil suplementares em suas contas bancárias. O estilo de Rossoni (considerado autoritário e indivualista) somado à adoção de outras medidas de austeridade também desagradaram os deputados, acostumados há décadas a contar com facilidades, digamos, não republicanas.

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Se a intenção dos deputados der o resultado que esperam, a Assembleia corre o risco de voltar a ficar do mesmo tamanho a que foi reduzida a Câmara Municipal de Curitiba pelo seu vereador-presidente João Cláudio Derosso.

Tudo por Ducci

A exatos sete meses da eleição municipal, sinais captados de várias formas, incluindo pesquisas internas, estão obrigando o Palácio Iguaçu a montar uma vasta operação de salvamento da candidatura à reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB). O alvo principal das novas investidas é o candidato Ratinho Jr. (PSC), a quem foi oferecida a posição de vice na chapa oficial. Nesse caso, o PSDB de Beto Richa, principal patrocinador de Ducci, estaria disposto até mesmo a renunciar à vice, posição que lhe caberia naturalmente na coligação.

Ratinho Jr., porém, insiste em manter a própria candidatura, confiante de que, assim agindo, levará a eleição fatalmente para o segundo turno. Ainda que fique de fora da disputa final, terá contribuído para fazer uma boa bancada de vereadores de sua coalizão e, mais do que isso, teria maior cacife para negociar o apoio com qualquer dos dois candidatos escolhidos para o segundo turno – Ducci e Gustavo Fruet, provavelmente.

Não contente apenas com a esperança de atrair Ratinho, o Palácio Iguaçu lança olhares cobiçosos também para o PMDB, com ofertas que ameaçam a sobrevivência da candidatura do ex-prefeito Rafael Greca. A estratégia, no caso, é fazer um agrado ao adversário senador Roberto Requião, comandante do PMDB. Já teria chegado ao senador a promessa de que, se seu partido apoiar Ducci, o governo trataria de facilitar a volta do irmão Maurício Requião ao Tribunal de Contas, na vaga a ser aberta pela aposentadoria do conselheiro Hermas Brandão.

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O grande problema enfrentado para que tais ideias se tornem realidade reside num mal de que todos os interlocutores dizem se ressentir: como confiar nessas promessas depois do que fizeram com Gustavo Fruet?

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Olho vivo

Como dantes 1

O deputado André Zacharow suspirou aliviado com o resultado da assembleia que renovou a direção da Sociedade Evangélica Beneficente (SEB), mantenedora do hospital Evangélico e da Faculdade Evangélica. É que, como tesoureiro da entidade, foi eleito José Benedito Ormelez, coincidentemente funcionário do gabinete de Zacharow na Câmara Federal.

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Como dantes 2

A diretoria que caberá a José Benedito é estratégica nas críticas condições em que se encontra a SEB, que não só acumula uma dívida que se calcula próxima de R$ 300 milhões, como é também suspeita de malversar recursos repassados pelo ministério do Turismo graças a emendas do deputado Zacharow. O novo presidente da SEB é o contador João Jayme Ferreira, o homem que esmiuçou as contas da instituição e sabe onde encontrar os números e lançamentos comprometedores. Estranhamente, foi colocado no cargo também por Zacharow.

Caixa 2

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tomou ontem depoimentos de três dos principais envolvidos na ação que investiga suposto caixa 2 na campanha que reelegeu Beto Richa a prefeito de Curitiba em 2008. Além de Rodrigo Oriente e de Manassés de Oliveira, Alexandre Gardolinski (coordenador do Comitê da Lealdade, montado por dissidentes do PRTB) confirmou que todas as despesas corriam por conta do PSDB, mas disse não saber se o partido as contabilizava.

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