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Celso Nascimento

Disposição de vassoura nova

No primeiro dia de trabalho,­­ o prefeito Gustavo Fruet já baixou alguns de­­cretos – todos coerentes com a rotina de quem assume o cargo na condição de oposicionista e crítico da administração do antecessor. Portanto, não foram propriamente atos surpreendentes, mas nem por isso deixam de ser relevan­­tes e, ao mesmo tempo, reveladores da intenção de colocar a casa em ordem. Um deles, por exemplo, determina a clássica medida de corte nas despesas de custeio, agora de 15%. Outro dos decretos decorre da enxurrada de informações preliminares que Fruet recebeu antes da posse: segundo dados levantados pela equipe de transição, a partir de junho/julho de 2012, pouco antes do início efetivo da campanha eleitoral, o ex-prefeito Luciano Ducci teria deixado de pagar várias obrigações contratuais, num suposto esforço para semear obras na cidade que o ajudassem a se reeleger.

Somadas, tais dívidas chegariam a R$ 300 milhões. Dentre os credores, pequenas e médias empresas que prestavam serviços básicos de manutenção da cidade – limpeza e desobstrução de bueiros ou roçadas de mato em espaços públicos, para citar dois casos. Sem receber há meses, várias alegam estar em estágio pré-falimentar e paralisaram os trabalhos para os quais estavam contratadas. Como esse serviços não podem ser interrompidos, foram convocadas sob a promessa de regularização dos pagamentos.

Mas esse não é exatamente o caso de muitas outras empresas credoras, como as do transporte coletivo. Elas reclamam na Justiça atrasados da ordem de R$ 100 milhões – quase um terço dos valores levantados até agora. A Urbs, nos dias finais da gestão anterior, afirmava que estava absolutamente em dia com o sistema. Quem está com a verdade? Fruet quer saber antes de tomar qualquer decisão. E assim será com todos as demais dívidas de que a prefeitura está sendo cobrada. Por isso, os pagamentos foram suspensos, embora o prefeito faça questão de afirmar que não se trata de uma moratória. Ninguém vai deixar de receber o que lhe for devido, o que não significa, no entanto, que todos os débitos e seus respectivos montantes serão automaticamente reconhecidos.

Antes de cada pagamento, no entanto, o suposto débito será auditado por uma comissão nomeada por Fruet. A primeira intenção é verificar se, de fato, os serviços foram prestados; depois, se nos contratos e nos demais procedimentos administrativos não há irregularidades. Em alguns dos casos já previamente diagnosticados, é bem possível que o prefeito proponha renegociações, de modo a dar um respiro aos cofres públicos.Os próximos 90 dias serão dedicados à tarefa de levantar todos os tapetes da prefeitura, cuidar das emergências e replanejar a administração com o orçamento deixado pelo antecessor. Como em qualquer início de gestão, a disposição de Gustavo Fruet é a mesma das vassouras novas. Que se dê ele o prazo de paciência que pediu ao tomar posse. Depois disso sobrevém o direito da população à cobrança.

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