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Olho Vivo

Lealdade 1

O presidente do PSDB Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, trata de dissipar as dúvidas daqueles que não acreditam que seja para valer a conversão para o redil da oposição dos tucanos de bico vermelho, até a semana passada adeptos de Requião. Ontem, ele reuniu a bancada (os seis deputados estaduais do partido) para oficializar a solidariedade ao prefeito Beto Richa, vítima, segundo diz, de armações malignas orquestradas por Requião. Então ficou assim, sem meio termo: quem é Beto é contra Requião.

Lealdade 2

No almoço promovido por Rossoni aos deputados esteve presente também o prefeito, que agradeceu pela lealdade (nada a ver com aquele comitê que levou esse nome!). Como decorrência dos compromissos jurados ontem, os detentores de cargos de confiança no governo estadual prometem pedir exoneração. Um deles é o secretário do Trabalho, Nelson Garcia, que ficará somente até o fim do mês à frente da pasta. A exceção é o suplente Luiz Malucelli Neto, que diz que não deixará o Lactec.

Do Exército

O Hospital da Lapa, em comunicado não assinado, esclarece que seu diretor não é oficial da Polícia Militar, conforme publicado ontem nesta coluna. Ele é oficial do Exército. Diz também que o diretor não é responsável pela decisão (que é prerrogativa de médicos) de dar alta a pacientes indisciplinados, mesmo que ainda estejam doentes.

A essa altura dos acontecimentos, tem mais espuma do qualquer outra coisa nas águas onde navegam os políticos preocupados com a eleição de 2010. Entretanto, é preciso fazer espuma para depois dispersá-la a fim de descobrir a realidade que inevitavelmente terá de surgir.

O agito pela sucessão no Paraná começou em 4 de outubro do ano passado. Nesse dia, surgiu das urnas para o estrelado o prefeito Beto Richa. Reeleito com 77% dos votos do maior colégio eleitoral do estado, impôs-se como uma considerável força para candidatar-se ao governo estadual.

Foi nesse momento que o quadro começou a virar. O até então candidato natural das oposições, o senador Osmar Dias, viu-se repentinamente órfão de seu principal aliado, até então comprometido até a vesícula em retribuir-lhe o apoio que recebeu na campanha para a prefeitura.

Dividiram-se também os demais partidos da aliança oposicionista que quase derrotou Requião em 2006. À exceção óbvia do PSDB, que ficou fiel a Beto, e do PDT, partido que Osmar preside, DEM, PPS e PP entraram em deriva e perderam a unidade interna quando a questão é apoiar um ou outro. Distribuem agrados para os dois lados, mas ainda não sabem com quem vão ficar.

O PT, vivendo a dualidade de ser sócio de Requião no governo e, ao mesmo tempo, necessitado de achar a melhor alternativa para arrecadar votos para a candidata Dilma Rousseff, caminha para a direção do apoio a Osmar Dias. Mas também não quer deixar o PMDB solto – de fato um perigo quando se sabe que o maior projeto político desse partido é sempre apoiar quem vê que tem mais chances de ganhar. Nesse caso, se o PMDB paranaense não se amarrar a Dilma, corre-se o risco de vê-lo cerrando fileiras com o tucano José Serra, até agora o candidato favorito.

Requião, por outro lado, o homem que de fato manda no PMDB, quer detonar a provável aliança do PT com Osmar. Vê nisso um grande perigo para seus próprios planos de eleger-se senador e, sobretudo, o perigo também de ver eleger-se à sua sucessão o maior adversário. Pois, se eleito, Osmar leva todo o jeito de desmontar todos os resquícios da era Requião, com todas as consequências que isso pode representar.

Não por outra razão, Alvaro Dias que – se não fosse Beto seria o candidato natural do PSDB – também teme pelo futuro. Está diante de uma situação difícil: os tucanos paroquiais impedem-no de tirar o pescoço para fora d'água. Por outro lado, se o irmão Osmar se candidatar (principalmente com apoio do PT), também está condenado a ficar de fora. Sua tábua de salvação está em conquistar o PMDB. Namoro já existe nesse sentido, apesar de o partido ter se definido (até quando?) pelo vice-governador Orlando Pessuti.

Alvaro joga suas fichas na possibilidade de Beto não sair da prefeitura. Seus argumentos são fortes: o maior colégio eleitoral ficaria fora do controle do PSDB e o vice-prefeito, Luciano Ducci (PSB), que estaria no comando da capital, seria forçado a apoiar Osmar. Nesse caso, Dilma teria vitória fácil sobre Serra no Paraná, contrariando o projeto nacional tucano.

O quadro atual é esse. Muita espuma, pouca clareza. Ainda passará muito tempo para aparecer a água limpa das definições definitivas.

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