Olho vivo
Promessa
A Secretaria Estadual da Saúde se comprometeu ontem com o prazo de 60 dias para regularizar o fornecimento de remédios especiais para pacientes idem. A promessa foi feita ontem pelo diretor Matheus Chomatas durante audiência pública da Frente Parlamentar da Saúde da Assembleia, convocada pelo deputado Ney Leprevost. Chomatas confirmou problemas: há, pelo menos, 14 medicamentos que as farmácias da Saúde Pública não estão conseguindo fornecer aos pacientes alguns com doenças graves que dependem deles.
Quem desvia?
Por falar em remédios que o SUS, via Secretaria da Saúde, fornece gratuitamente: farmácias particulares os estão vendendo! O secretário Michele Caputo quer interditar, multar e até cassar a licença dos estabelecimentos que forem flagrados comercializando esses medicamentos, segundo determinou em portaria assinada ontem. A portaria não responde a uma pergunta vital: como é que remédios do governo, gratuitos, chegam às farmácias particulares?
Tudo ex
Está sendo aberto hoje, em Chapecó, um seminário que pode sair do nada para chegar a lugar algum, muito embora trate de transporte ferroviário. É que, em sua maior parte, os participantes e palestristas formam um bom grupo de ex: ex-chefe de escritório da Rede Ferroviária Federal, ex-assessor da presidência do BNDES e vários outros. Dentre estes, também o ex-presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, e os ex-governadores Roberto Requião e Luiz Henrique da Silveira. O tema é debater a construção da Ferrosul.
Mesmos
Enquanto o terminal público de álcool, mandado construir no Porto de Paranaguá na gestão de Eduardo Requião, continua parado em razão dos graves problemas técnicos que apresentou já correm acelerados os planos para a construção do alcoolduto, que ligará a região produtora do Norte do Paraná ao porto. O IAP está sendo acionado para providenciar as licenças ambientais. Depois de pronto, o alcoolduto será administrado por uma associação de usineiros, a mesma que ficou responsável pelo terminal de álcool.
A Sanepar confirmou ontem sua intenção de investir R$ 2 bilhões até 2014 para ampliação das redes de esgoto nas cidades atendidas pela companhia. Até lá, a média da cobertura da rede passará dos 62% para 72%. Além de recursos próprios gerados pela empresa, a Sanepar aplicará recursos provenientes da emissão de debêntures que serão subscritos pelo BNDES.
Fazia tempo que a Sanepar vinha investindo pouco, bem menos do que o necessário para acompanhar as necessidades de ampliação dos sistema de saneamento básico. Agora, porém, que a paz interna voltou a iluminar o ambiente, foi recobrado o clima favorável à expansão dos investimentos.
É que acabou a velha briga que, durante oito anos, separava os dois principais sócios da companhia o governo estadual (que detém 60% do capital) e o grupo privado Dominó (38%). Era esta junção público-privada que agredia os mitos ideológicos do governo Requião e impedia o entendimento. A tal ponto de o ex-governador Roberto Requião represar, por seis anos, os aumentos de tarifa só com o objetivo de reduzir os lucros do sócio indesejável. Em compensação, também arrecadava menos recursos que poderiam ser destinados a investimentos.
O governo Requião queria o grupo Dominó fora da Sanepar. Sua primeira providência, já no início do primeiro mandato, foi romper o acordo de acionistas firmado no governo Lerner, que dava ao sócio privado o direito de participar da administração. Seus representantes figuravam apenas como membros do conselho de administração e nada mais. Além disso, reduziu a distribuição anual dos dividendos da Sanepar a apenas 25%, metade dos 50% que até então vigiam no acordo também para tornar o negócio desinteressante para o Dominó.
A orientação de Requião gerou inúmeras ações judiciais quase todas vencidas pelo grupo Dominó. Se executadas, o governo e a Sanepar seriam obrigadas a indenizar o sócio privado em bilhões.
Entretanto, uma decisão tomada na última reunião do Conselho de Administração desfez o que Requião fazia: determinou o retorno ao cumprimento do acordo de acionistas de 2003. Renato Torres, que representa a empreiteira Andrade Gutierrez (majoritária na composição do grupo Dominó), até já assumiu a vice-presidência do Conselho. Agora, os dois lados começam a limpar as prateleiras dos tribunais onde tramitam as ações judiciais que moveram um contra o outro.