Olho vivo

Congelado

Pelo quinto ano consecutivo, a Sanepar pede ao governador que autorize o reajuste de suas tarifas. Internamente, calculou-se como razoável um aumento de 10%. O pedido foi feito no mês passado, mas não houve resposta até agora. Ficará para o próximo governo arcar com o ato impopular se quiser recuperar a capacidade de investimentos da empresa, reduzida ao longo de cinco anos de congelamento.

Pendengas

O Estadão de ontem, citando o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo Castro, informa que a direção nacional vai dedicar os primeiros três meses do ano a resolver pendengas em vários estados – isto é, naqueles onde o partido está dividido. A notícia não cita especificamente nenhum estado em crise interna, mas o critério vale para o Paraná. Aqui, o tucanato se divide entre dois pretendentes fortes – o senador Alvaro Dias e o prefeito Beto Richa. A direção regional do PSDB, contudo, afirma que a cúpula não interferirá no processo de decisão paranaense. A conferir.

Ibope

Pesquisa Ibope mostra que Beto Richa teria pequena vantagem sobre Osmar Dias se a eleição para o governo fosse agora. Diferença de três pontos: 41% a 38%. A assessoria de Osmar comemora, no entanto, um outro dado: em relação à pesquisa de maio, ele cresceu de 18% para 26% na região metropolitana, enquanto que Beto caiu de 66% para 47%.

CARREGANDO :)

Você se lembra de que, em julho, o governador Roberto Requião decidiu cobrar da Sanepar a dívida de R$ 750 milhões que a empresa tem com o Tesouro estadual? Lembra que, magnânimo, Requião disse que a Sanepar poderia pagar em seis módicas parcelas mensais? Lembra que o objetivo declarado de Requião era, com esse dinheiro, criar uma nova "Sanepar" já que a Justiça o impedira de desalojar da empresa "velha" o sócio privado Dominó? Lembra que, em seguida, a Sanepar informou o governador que não tinha tanto dinheiro e que a solução seria dar em pagamento toda a estrutura (barragens, estações de tratamento, redes de água e esgoto...) que opera na região metropolitana? Lembra também que Requião aceitou a proposta e que mandou a Procuradoria-Geral do Estado a tomar as providências?

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Pois é: esqueça tudo isso. Ou era maluquice ou era apenas mais uma das costumeiras bravatas. Ontem, o Conselho de Adminis­­­tração da Sanepar se reuniu e deu o dito pelo não dito. Fica tudo do jeito que está – isto é, nem a empresa pagará o que deve, nem o Dominó sairá da sociedade e nem Requião criará a nova "Sanepar".

A decisão do Conselho, que agiu sob orientação do próprio governador, aconteceu horas antes de a 1.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba se pronunciar sobre a Ação Popular 3.148/2009, proposta pelos vereadores Caíque Ferrante e Francisco Garcez, contrários às pretensões de Requião. Os vereadores serviram-se de um argumento bem simples: a Sanepar não poderia dispor de bens que não são seus; pelo contrato de concessão, os bens pertencem ao município de Curitiba e aos demais metropolitanos signatários de convênios. E ponto final.

O oficial extraoficial

O servidor Agileu Bittencourt, da 1.ª Inspetoria de Controle Externo do Tribunal de Contas, foi um dos membros da comitiva que viajou à China, no início deste mês, para vistoriar as dragas classificadas em concorrência internacional da Appa. A presença de um inspetor foi interpretada como um aval prévio do TC, conforme esta coluna registrou na edição de ontem.

Ontem mesmo, contudo, o presidente do Tribunal, Hermas Brandão, em nota, informou que a corte "não deu nenhum aval às operações de compra da citada draga chinesa (...) e também não enviou representante oficial para integrar a comitiva que viajou à China." Qualquer medida só será tomada após a compra.

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O esclarecimento chegou por e-mail às 15h23. Às 15h51, a coluna retornou com outro e-mail ao presidente Hermas Brandão, ao conselheiro-chefe da 1.ª Inspe­­­to­­­­­ria, Nestor Baptista, e ao seu subordinado Agileu Bitten­­­court, perguntando:

"Diante da afirmação (de Hermas) de que Agileu Bittencourt não viajou em caráter oficial, pedimos a vossas excelências respostas às indagações abaixo:

- Houve pagamento de diárias para custear a viagem do citado servidor à China?

- Não sendo oficial, a viagem se deu em período de férias ou de licença do servidor?

- Ainda que não oficial, a viagem foi determinada e/ou autorizada pelo presidente da 1.ª Ins­­­petoria? Em caso positivo, sob que justificativa?

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- Frise-se: não sendo oficial, que valor legal terão eventuais pareceres exarados pelo enviado extraoficial?"

A coluna esperou resposta até as 21 horas, limite máximo para o fechamento da edição. Quem sabe chegue hoje.