Atenção incautos eleitores curitibanos: atentem para as “pérolas” que alguns candidatos a prefeito vêm lançando para convencê-los a votar neles. Mas cuidado: grande parte das “maravilhas” prometidas é simplesmente irrealizável ou, para dizer o mínimo, refletem algum grau de irresponsabilidade de seus autores. As “soluções” nos fazem lembrar das Organizações Tabajara e, claro, do bordão “fala sério, aê!” que Bussunda imortalizou no humorístico global “Casseta e Planeta”.
Toda a lenga-lenga de discussões em torno do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff serviu, no mínimo, para que segmentos mais atentos da população entendessem que os governos devem obedecer rigidamente o orçamento que lhes é dado administrar. Esta peça legal estima o quanto vai se arrecadar e fixa despesas, que nunca podem ultrapassar o limite da receita. Pedaladas e decretos para “criar” dinheiro são proibidos.
Pois bem: tem candidato que prometeu asfaltar 3 mil quilômetros de ruas – o equivalente a quatro viagens Curitiba-Foz do Iguaçu. Flagrado no próprio absurdo, o candidato – no caso, Rafael Greca (PMN) – reviu a meta e a reduziu para “apenas” 1.500 quilômetros, o suficiente, no entanto, para consumir cerca de R$ 400 milhões por ano somente com asfalto do mais barato.
Como não há fontes externas de recursos, já que tanto Richa quanto Temer estão “quebrados”, a promessa do candidato teria, em princípio, de ser custeada com os inexistentes recursos do orçamento próprio – que, para 2017, prevê R$ 39 milhões em investimentos em todas as áreas de infraestrutura e não apenas no sistema viário. Ou seja, seria necessário multiplicar por quase dez os recursos disponíveis e aplicá-los somente em asfalto.
Greca não está sozinho na série de propostas Tabajara. Maria Victoria, do PP, insiste na promessa – em tese, elogiável – de dar um professor de inglês para cada uma das 4.700 turmas de 1.º a 5.º anos da rede municipal.
Especialistas já fizeram os cálculos: seria preciso contratar mediante concurso cerca de 700 professores especialistas. Os novos professores teriam um custo direto imediato de R$ 22 milhões por ano – nada menos de um quinto de toda a folha do magistério municipal. A candidata teria feito estes cálculos antes de lançar a ideia?
Os dois candidatos citados não são exceções no cenário de nove pretendentes à prefeitura. Os outros, uns menos outros mais, não fogem à regra: todos prometem transformar Curitiba no paradisíaco Jardim do Éden mesmo que, lá no fundo de suas consciências, saibam que ele só existiu no bíblico Gênesis. Mas isso de transformar barro em gente, costela de Adão em Eva, aí já é demais. Acautelai-vos, irmãos!
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