Seria Gustavo Fruet prefeito de um só mandato? Que nem sequer estaria disposto a concorrer à reeleição em 2016? As perguntas devem ser respondidas por duas óticas ambas de autoria de um analista que ajudou Fruet a enfrentar as tormentas que o colocavam num longínquo terceiro lugar frente aos adversários Ratinho Jr. (PSC) e Luciano Ducci (PSB), então candidato à reeleição, em 2012.
O primeiro jeito de olhar para 2016, segundo o analista, é observar o cenário atual e verificar que não há candidatos visíveis no horizonte interessados na prefeitura pelo menos por enquanto. Ratinho Jr., por exemplo, deputado estadual eleito com 300 mil votos e dono de uma bancada de 12 parlamentares, estaria focado agora em se cacifar para a disputa ao Palácio Iguaçu, na sucessão de Richa.
Primeiro, quer ser presidente da Assembleia Legislativa. Precisa de 28 votos dos 54 deputados. Para chegar lá, portanto, já conta com os 12 da própria trupe. Faltam-lhe 16, mas nada como sua simpatia pessoal para cativar alguns colegas desgarrados e uma "ajudinha" de Richa para conseguir a diferença. Só lhe falta agora combinar com os adversários, dentre os quais o atual líder do governo, deputado Ademar Traiano, que de há muito ambiciona o lugar de Valdir Rossoni e que também acredita no apoio de Richa.
Ratinho já teria chegado à conclusão de que, embora expressivo, o "teto" de votos são os 35% a 40% que as periferias lhe dão, sem chance de convencer a poderosa classe média curitiboca a aderir a ele. Arrisca empacar na disputa do segundo, como aconteceu quando enfrentou Fruet e ficou 20 pontos atrás dele.
E Luciano Ducci, eleito agora deputado federal com 155 mil votos, teria disposição para disputar outra vez a prefeitura? Do ponto de vista pessoal, talvez. Do ponto de vista político, já percebeu que dificilmente contaria com outra aposta de Richa em seu favor. Em particular, Richa reconhece que seu antigo pupilo não teria o carisma necessário para conquistar a maioria dos curitibanos. Logo, segundo observadores, seu destino seria continuar deputado federal e concorrer à reeleição ao mesmo cargo daqui quatro anos.
A outra ótica parte de constatações diferentes. No atual momento reprise-se, no atual momento não há candidato à vista à sucessão de Fruet senão o próprio Fruet. Seu problema é vencer os tropeços da gestão nestes dois primeiros anos e mostrar serviço a partir do ano que vem. Sua turma acredita que daí pra frente tudo será diferente.
Por enquanto, Fruet estaria administrando um orçamento menor do que o esperado. A arrecadação caiu drasticamente. Todos os meses, pelo menos desde a Copa do Mundo, a receita municipal tem sido, em média, R$ 30 milhões menor do que o necessário para pagar o pessoal e custear a máquina. Para outubro, por exemplo, frente a uma arrecadação de R$ 248 milhões, a despesa com esses itens passa de R$ 285 milhões. Para manter o equilíbrio, só mesmo com cortes drásticos de custeio em todas as frentes desde a roçada de mato até tapar buracos e apoiar eventos culturais.
Outro remédio é aumentar a arrecadação. Por isso, deve lançar um "refis" de impostos municipais nos próximos dias para facilitar a entrada de recursos devidos pelos inadimplentes. Também promete cortar mais 10% no custeio. E, por fim, vai tomar medidas para cobrar pelo menos parte dos R$ 4 bilhões inscritos em dívida ativa.
Tudo isso até o fim do ano, com a esperança de que, em 2015, a máquina ande a todo vapor e o povo desfaça a opinião de que sua administração é fraca demais. Se conseguir esse "milagre" que envolverá também a troca de vários auxiliares pouco eficientes , Fruet reavivará a ambição de concorrer à reeleição.
Tem um problema suplementar a ser vencido: já não conta muito com a força do PT, que saiu das urnas do último dia 5 extremamente fragilizado em Curitiba. A diminuta estrutura do PDT, seu atual partido, também não lhe permite alçar voo. E daí? Daí que precisa conquistar apoios e construir alianças com grupos que enxergam 2018.
Por exemplo: por que não firmar um acordo com Ratinho Jr.? Ratinho apoiaria a reeleição de Fruet em 2016 em troca do apoio deste para sua eleição ao governo em 2018. Ou por que não, também, dependendo do andar da carruagem, uma aliança com o grupo do deputado Ricardo Barros (PP), cuja mulher, Cida Borghetti, a vice-governadora eleita, substituirá Richa por nove meses e igualmente poderá querer ficar no Palácio Iguaçu por mais quatro anos?
São conjecturas que se fazem na intimidade dos gabinetes. Para virem a público, só mesmo a partir do ano que vem.
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